Reportagem de Raphael Veleda e Matheus Garzon, no site Metrópoles nesta terça-feira (29), revela que um advogado negro, de 24 anos, denuncia ter sido vítima de espancamento, abuso de autoridade, racismo e perseguição política por seis policiais militares em Luziânia, Goiás, próximo ao Distrito Federal.
O rapaz, que pediu para não ter o nome divulgado, registrou Boletim de Ocorrência onde relata que foi algemado, agredido com socos, armas de choque e spray de pimenta após se identificar como eleitor do PT.
“A algema estava muito apertada, eu estava com o rosto contra o chão e pedi pra afrouxar. Ai eles disseram que se eu parasse de mexer com o PT, poderiam afrouxar. Que se eu falasse que votaria agora em Bolsonaro eles afrouxariam a algema. Sob essa tortura, eu disse o que eles queriam ouvir, que votaria só em Bolsonaro agora”, contou.
Segundo o advogado, a agressão aconteceu no domingo (27), por volta das 23h40, e teve início quando três viaturas da PM passaram em alta velocidade perto dele e de dois outros amigos - ele era o único negro. “Eu perguntei: ‘vai atropelar?’. Ai ele [um dos PMs] já desceu dando três tapas no meu rosto e jogando spray de pimenta”.
As agressões teriam começado no local. O advogado teria sido jogado em um camburão e levado ao 10º Batalhão de Luziânia, onde o espancamento continuou.
“Então perguntaram em quem eu ia votar, se eu votava no PT, e eu disse que sim, que sempre votei no PT. Ai piorou, vieram chutes e xingamentos. ‘Petista de merda’, ‘esquerdista viado’, essas coisas”.
Campanha para Bolsonaro
Em 2018, durante a campanha eleitoral, um vídeo flagrou cerca de 50 policiais, usando calças da corporação e coturno, marchando perto do 10º Batalhão de Luziânia cantando: “Ei, cidadão, por favor, não se esqueça, dia 28 é Bolsonaro na cabeça. Ei, cidadão, por favor, fica contente, ano que vem é Bolsonaro presidente”.
O vídeo foi divulgado à época pelo Congresso em Foco.