Alvo de Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão e Ricardo Salles, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelo monitoramento das queimadas em regiões como a Amazônia e o Pantanal, agora enfrenta ataques da Polícia Federal, que em ação no Tribunal de Contas da União (TCU) compara o órgão a taxistas, que tentaram proteger seu mercado de atuação impedindo a entrada da Uber.
Segundo reportagem da coluna Painel, na edição deste sábado (19) da Folha de S.Paulo, a PF acusa o Inpe promove desinformação para não perder o que classifica como monopólio dos dados sobre desmatamento no Brasil.
A contestação da PF se deu após a ministra Ana Arraes, do TCU, suspender o contrato da instituições com a Planet, empresa dos EUA que foi contratada para fazer o monitoramento por satélite das queimadas.
Arraes afirmou que o serviço, contratado por R$ 49 milhões pelo Ministério da Justiça, não agrega vantagens em relação aos que já são usados pelo Inpe ou gratuitos.
No ofício enviado ao TCU, a PF diz que técnicos do Inpe usam de "desonestidade intelectual" para desinformar a imprensa e conseguir impedir que novos sistemas sejam contratados.
O argumento segue a linha do vice-presidente, Hamilton Mourão, que chegou a dizer que o Inpe só divulga dados "negativos" para fazer oposição ao governo.
Mourão, no entanto, voltou atrás após saber que todos os dados do Inpe são públicos.
“É o seguinte: eu também desconhecia isso — os dados estão em fonte aberta. Isso aí faz parte da transparência. Então, qualquer um de vocês que for no site lá do Inpe vai pegar o dado que está lá”, afirmou o vice após reunião com o diretor do instituto, Darcton Policarpo Damião, no dia 16.