O candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, escreveu nesta quinta-feira (10) em seu perfil no Twitter que “não é justo que a mão invisível do mercado dite se a prateleira das famílias tenha ou não comida básica”. O político se referia ao aumento repentino dos preços do arroz nos supermercados nas últimas semanas. E, na publicação, ele ataca o governo Bolsonaro por não manter estoques públicos do cereal, o que ajudaria a conter os preços neste momento.
O aumento repentino dos preços do arroz no supermercado vem sendo bastante discutido nos últimos dias. De uma média de R$ 15, o saco de 5 kg do produto dobrou ou até triplicou de valor.
“O arroz é o exemplo mais agudo, mas não o único”, lembra o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os preços dos alimentos nos últimos 12 meses subiram 8,83%.
Economistas explicam, e Boulos escreveu em sua postagem, que o aumento do arroz se deveu a principalmente a três fatores: valorização do dólar, alta das exportações e período de entressafra.
“O dólar a mais de R$ 5 faz com que diversos produtores optem por exportar seus produtos, em vez de oferecer o item no mercado nacional”, escreveu. “Na prática, quem paga para manter o alimento aqui ao invés de sair do país são os próprios consumidores.”
A entressafra, prosseguiu, fez com que houvesse menos arroz disponível. “A procura ficou igual, a oferta diminuiu, o preço sobe.”
Lei de mercado
O político faz uma reflexão, dizendo que essa é a explicação pela lei dos preços do mercado. “Uma lei que não devia servir para qualquer situação, especialmente quando estamos falando de um alimento básico e que está no dia a dia de qualquer brasileiro.”
Na visão de Boulos, nesse caso, “faz todo o sentido priorizar o consumo interno e forçar o agronegócio a vender para o próprio país”. E destaca que o governo federal poderia usar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para fazer um estoque regulador, comprando o produto na safra e vendendo na entressafra ou na alta do dólar. “Isso é prática comum em países desenvolvidos para evitar sobressaltos em preços.”
Boulos critica o governo Bolsonaro, que fechou 27 dos 92 armazéns da Conab, “ praticamente zerando os estoques reguladores de arroz”.
Não foi o auxílio emergencial
Boulos também critica as declarações de Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, que culparam o auxílio emergencial pelo aumento de preços. O raciocínio deles é que os mais pobres, com dinheiro na mão, compraram muito arroz, pressionando os preços.
Também criticou o representante nacional dos supermercados que sugeriu “trocar o arroz por macarrão”. “É muita cara de pau!”
O líder do MTST termina sua publicação com uma reflexão. “Não é justo que a mão invisível do mercado dite se a prateleira das famílias tenha ou não comida básica. Chega dos mais pobres pagarem a conta da crise!”