Em artigo nesta terça-feira (25) na Folha de S.Paulo, a jornalista Cristina Serra, que trabalhou por 26 anos na TV Globo, comparou Jair Bolsonaro a um câncer que não foi tratado pelas "instituições", incluindo a imprensa, e acabou "absorvido pelo corpo".
"As instituições, inclusive a imprensa, absorveram Bolsonaro como um corpo doente se acostuma a hospedar um tumor. Um dia, o tumor explode e mata o hospedeiro", diz a jornalista no artigo, intitulado "O Tumor Bolsonaro".
No artigo, a jornalista discorre sobre o processo de "assimilação de Bolsonaro como algo natural pelas instituições" que, segundo ela, teria começado quando o Superior Tribunal Militar absolveu o então militar que era acusado de planejar atentatos a bomba contra as Forças Armadas.
"Foi a deixa para Bolsonaro iniciar carreira parlamentar tão longeva quanto medíocre, marcada por ofensas a mulheres, negros e homossexuais e pela defesa da tortura e da execução de uns '30 mil'".
No texto, Cristina Serra ainda faz fortes críticas ao editorial da Folha do último sábado (22), em que o jornal da família Frias comparou os governos Dilma Rousseff (PT) e Jair Bolsonaro (Sem partido) em relação ao controle do teto de gastos com o título "Jair Rousseff".
"A fusão dos dois nomes é um ultraje à ex-presidente. O título chamativo não poderia ter prevalecido sobre o simples bom senso ou o respeito à história de Dilma Rousseff. Na aprovação do impeachment na Câmara, Bolsonaro votou em homenagem ao torturador Brilhante Ustra, algoz da ex-presidente quando de sua militância contra a ditadura. “O pavor de Dilma Rousseff”, tripudiou o então deputado. Bolsonaro deveria ter saído preso da Câmara naquele dia por apologia à tortura, crime de lesa-humanidade. E, no entanto, aquele foi o ato inaugural de sua ascensão ao poder. Que fizeram as instituições? Câmara? Supremo? Ministério Público? Funcionaram “normalmente”, escreveu.