Durante entrevista à jornalista Natuza Nery, da GloboNews, na noite deste domingo (2), o ministro da Justiça, André Mendonça, se enrolou para responder a uma pergunta sobre um "dossiê secreto" que teria sido produzido por sua pasta com o intuito de perseguir servidores considerados antifascistas.
"Não posso confirmar, nem negar a existência", tergiversou o ministro, ao que a jornalista respondeu afirmando que, quando Mendonça diz "nem que sim, nem que não", fica clara a existência do documento.
Segundo reportagem de Rubens Valente, do UOL, publicada em 24 de julho, 579 servidores federais e estaduais de segurança e três professores universitários aparecem em uma lista montada pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi), do Ministério da Justiça, em junho, em meio ao avanço das mobilizações antifascistas no país.
O primeiro documento do órgão foi nomeado “Ações de Grupos Antifa e Policiais Antifascismo” e se baseia no manifesto “Policiais antifascismo em defesa da democracia popular”, subscrito por 503 agentes, mas leva em conta a participação nas redes e em atos.
MPF
No dia 28 de julho, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento preliminar para buscar informações sobre o dossiê.
Em ofício ao governo federal, o procurador regional dos Direitos do Cidadão Enrico Rodrigues de Freitas, que atua no Rio Grande do Sul, deu prazo de dez dias para que sejam fornecidas informações como a base legal que justificou a apuração, a indicação do objeto do relatório de inteligência e a motivação de sua instauração.
O objetivo do procurador é verificar “existência de elementos que indiquem uma atuação estatal de eventual cerceamento ou limitação da livre expressão do pensamento de cidadãos e profissionais, por meio dossiê ou relatório sigiloso elaborado pela Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública”.