Responsável por censurar uma reportagem da revista Crusoé que citava a deputado federal Bia Kicis (PSL-DF), o juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília, já adotou medidas similares contra outros veículos de imprensa.
Levantamento feito pela jornalista Ana Viriato, da Crusoé, mostra que Raposo Filho decidiu em 2017 pela proibição de reportagens da Folha de S. Paulo e d'O Globo que tratavam sobre tentativa de extorsão sofrida por Marcela Temer.
Em 2014, o alvo foi a Carta Capital e dois jornalistas, que teve que indenizar em R$ 180 mil o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por três textos publicados no veículo.
O juiz, que determinou que a Crusoé omitisse a menção à parlamentar, coordena a escola de formação de magistrados do Distrito Federal e já foi premiado com "selo de qualidade" da Corregedoria. A revista informou que, mesmo não tendo sido citada formalmente, vai cobrir o nome de Kicis com uma tarja preta enquanto a decisão vigorar.
O professor Rosental Calmon Alves, do Knight Center for Journalism in the Americas, criticou o magistrado no Twitter. "O juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho devia saber mais sobre a Constituição e escutar bem o célebre cala-boca-já-morreu da ministra Carmen Lúcia", tuitou.