“Brasil perdeu posição de liderança a nível regional”, afirma especialista em política exterior

Segundo o professor Federico Finchelstein, da New School for Social Research, de Nova York, “para usar um termo futebolístico, podemos dizer que antes o Brasil gostava de jogar em equipe com os demais países da região, e agora prefere jogar sozinho”

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Em entrevista ao Estadão, publicada neste domingo (5), o professor Federico Finchelstein, diretor do departamento de estudos sobre América Latina da New School for Social Research, de Nova York, criticou a política exterior do governo de Jair Bolsonaro, dizendo que esta levou o Brasil a perder sua posição de liderança a nível regional.

A diferença entre Alberto Fernández e Jair Bolsonaro não é só uma questão de posição Segundo o acadêmico, “o Brasil é, claramente, o país mais importante da região, mas hoje há preocupação com a falta de responsabilidade do governo, com a intolerância, com as políticas e esse desinteresse total (do governo brasileiro) por tudo que acontece no resto da região”.

“Os países estão coordenando uma resposta ao coronavírus e o Brasil não participa porque, em nível federal, nega até a problemática do vírus. O Brasil deveria ser o líder da região e essa falta de liderança é muito ruim. A liderança do Brasil é muito importante e necessária para a região, mas o que vemos é, para dizer em termos de futebol, um país que sempre jogava em equipe e agora prefere jogar sozinho. Essa é uma percepção em muitos países da América do Sul. O Brasil deixou de ser líder e se tornou um país desinteressado pela região” comentou o professor.

Argentino residente nos Estados Unidos, Finchelstein é autor do livro “Do Fascismo ao Populismo na História”, que traz observações sobre como se deu o avanço desses movimentos nos últimos anos.

Ele afirma que “a diferença entre Alberto Fernández e Jair Bolsonaro não é só uma questão de posição política. Tem a ver com o conceito de democracia”.