A deputada federal Perpétua Almeida (AC), líder do PCdoB na Câmara, afirmou em nota à Fórum que espera que o Procurador-Geral, Augusto Aras, dê parecer favorável à notícia-crime apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a ligação de Jair Bolsonaro e dos filhos, Flávio e Eduardo, na milícia digital que teve as contas derrubadas pelo Facebook no início do mês. Nesta quinta-feira (23), o ministro Alexandre de Moraes enviou a ação para análise da PGR.
"Há crimes envolvidos nesses atos, inclusive o de corrupção, pois a disseminação de fake news pelo governo Bolsonaro está sendo paga com dinheiro público. Isso é um absurdo de todas as formas e precisa ser apurado", diz Perpétua.
Segundo ela, o clã presidencial atua diretamente na "propagação de mentiras". "Esperamos que o procurador-geral dê prosseguimento à ação, pois como o Facebook mostrou, a rede de fake news está dentro do Palácio do Planalto e dos gabinetes de seus filhos".
O despacho à PGR é praxe para que a Justiça decida se pede a abertura ou não do processo investigatório.
No último dia 15, Moraes autorizou a Polícia Federal a acessar as informações captadas pelo Facebook em pedido feito pelos investigadores que poderão utilizar as informações em dois inquéritos em que o ministro é relator, o das fake news e o dos atos golpistas.
No dia 8 de julho, em operação global para combater conteúdos falsos e discurso de ódio, o Facebook derrubou quase 100 contas ligadas ao clã Bolsonaro. A investigação da plataforma vinculou funcionários dos gabinetes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) à produção e distribuição dos conteúdos.
O Facebook cita Tércio Arnaud Thomaz como um dos principais responsáveis pela divulgação dos conteúdos de desinformação e discurso de ódio. Tércio é assessor especial do presidente da Repúblico e integraria o chamado “gabinete do ódio”, por indicação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Especialistas da plataforma identificaram que ele é o responsável pela página Bolsonaro Opressor 2.0, com mais de 1 milhão de seguidores, e pela conta @bolsonaronewsss, no Instagram, com 492 mil seguidores e 11 mil posts. As páginas publicavam conteúdos contra opositores do presidente.