Protagonista de uma das mais conturbadas eleições na Câmara Federal, que o alçou à presidência da casa durante o governo Lula, em 2005, antes de renunciar ao cargo por denúncias de corrupção, o ex-deputado Severino Cavalcanti morreu na madrugada desta quarta-feira (15) aos 91 anos no apartamento dele no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
O enterro está previsto para ocorrer às 15h, na cidade de João Alfredo, no Agreste de Pernambuco, onde ele nasceu. Devido à pandemia da Covid-19, não vai haver velório.
O político, que era filiado ao PP, era diabético e sofreu uma queda em 2019, quando fraturou o fêmur e a bacia. Uma cirurgia seria necessária, mas não foi feita devido à diabetes. Durante a madrugada desta quarta (15), a enfermeira que acompanhava a saúde do ex-parlamentar tentou sentir o pulso dele, mas não conseguiu.
Cavalcanti foi deputado federal por três mandatos: entre 1995 e 1999, entre 1999 e 2003 e entre 2003 e 2007. Representante do chamado baixo clero, ele foi eleito presidente da Câmara em 2005 em votação coordenada pelo centrão contra o então candidato oficial do governo, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), impondo uma forte derrota ao presidente Lula.
Cavalcanti ficou 217 dias no comando da Casa, mas renunciou no dia 21 de setembro de 2005 tanto ao cargo quanto a seu mandato parlamentar sob acusação de recebimento de propina de R$ 10 mil mensais para prorrogar a concessão de duas lanchonetes da Câmara. A mesada ganhou o apelido de “mensalinho”.
"Todos seremos, em muito breve, julgados pelo povo. Para quem dedicou sua vida à política, esse é o julgamento que conta, a sentença que importa. Voltarei. O povo me absolverá", disse à época. Ao deixar a Câmara, Cavalcanti nunca mais venceu uma eleição legislativa e voltou a ser prefeito da sua cidade, João Alfredo, em 2009.