Queiroz deixa a prisão hoje após decisão polêmica do presidente do STJ, que mira cadeira no Supremo

João Otávio Noronha, que faz campanha para ser alçado por Jair Bolsonaro a uma cadeira no STF, alegou que Queiroz não pode ficar preso durante a pandemia por causa de seu estado de saúde e que a esposa, que está foragida, precisa cuidar do marido

Fabrício Queiroz no sítio de Frederick Wassef em Atibaia (Foto: Reprodução)
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Acusado de ser o operador do esquema de "rachadinhas" que funcionava dentro do gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) se prepara para deixar o presídio de Bangu 8, onde está preso desde o dia 18 de junho, na manhã desta sexta-feira (10).

A concessão de um habeas corpus a Queiroz e à mulher, Márcia Oliveira Aguiar, se deu por decisão polêmica do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, que nos bastidores faz campanha para ser alçado por Jair Bolsonaro a uma das cadeiras que ficarão vagas no Supremo Tribunal Federal (STF) durante o mandato presidencial do capitão, amigo há décadas do ex-PM, que assessorou Flávio e tem estreitas ligações com a milícia de Rio das Pedras, no Rio de Janeiro.

Em sua decisão liminar durante as férias forenses, Noronha alega que Queiroz não deve permanecer em presídio durante a pandemia de coronavírus devido às suas condições de saúde e que a esposa, que se encontra foragida, não pode ser presa porque tem que cuidar do marido.

O ministro alega que o caso se enquadra em recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que sugere evitar o encarceramento em presídios na pandemia de coronavírus. A mesma medida, no entanto, já havia sido negada por Noronha a dois presos, em pedidos idênticos.

Em março, Bolsonaro criticou a recomendação do CNJ. O presidente declarou que presos estão mais protegidos na cadeia e que, se dependesse dele, ninguém seria solto na pandemia.

Em uma rede social, Nathália Queiroz, filha de Fabrício Queiroz que foi empregada no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara até outubro de 2018, publicou em sua conta no Instagram que estava se preparando para buscar o pai no presídio de Bangu.

"Estou indo te buscar, meu pai! E você vai ter o abraço de todos os seus filhos que estão cheios de saudades e tanto te amam e sabe (SIC) o homem incrível que você é", escreveu.