Integrantes dos partidos do centrão apostam em um apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a resistência da equipe econômica à prorrogação dos repasses de recursos a municípios, medida que faz parte do acordo para que as siglas aceitem o adiamento da eleição municipal.
Segundo apuração do jornal Folha de S.Paulo, para atender à nova base na Câmara, Bolsonaro deve ser mais sensível aos apelos de partidos como PP e Republicanos do que ao plano do time do ministro da Economia, Paulo Guedes. A equipe econômica quer usar os recursos que ainda não foram transferidos para cobrir outras despesas, como a prorrogação do auxílio emergencial a trabalhadores informais.
O impasse envolve acordo, costurado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para prorrogar os repasses de recursos a municípios.
A transferência de verbas do governo federal está prevista em uma medida provisória que garantiu que prefeituras e governos estaduais não tivessem perdas no Fundo de Participação dos Municípios e no Fundo de Participação dos Estados, mesmo com a forte queda na arrecadação federal.
A MP manteve as verbas de março a junho. A prorrogação até o fim do ano foi uma das contrapartidas oferecidas a prefeitos que buscam a reeleição. Eles pressionavam líderes do centrão pela manutenção do calendário do Tribunal Superior Eleitoral como forma de reduzir as chances de adversários na disputa eleitoral.
No entanto, com os caixas municipais reforçados pelos repasses da União, os atuais prefeitos, que têm o controle da máquina pública, melhoram sua força na disputa.
A Proposta de Emenda à Constituição aprovada pelo Senado adia para 15 e 29 de novembro o primeiro e o segundo turnos da disputa municipal. As datas oficiais são 4 e 25 de outubro. A media ainda tem de passar na Câmara.