O Ministério Público (MP) e o Tribunal de Contas da União (TCU) investigam situação de irregularidade na licitação para locação de carros blindados para o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A licitação custará mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos e foi apresentada no dia 1º de junho.
O pedido de apuração foi feito pelo deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) e encaminhado ao presidente do TCU, José Múcio Monteiro, pelo subprocurador-geral do Ministério Público de Contas, Lucas Rocha Furtado.
Furtado considera que a investigação é necessária por haver risco de o ministro ter desviado do propósito público, "utilizando-se indevidamente de seu cargo para interesse pessoal ao realizar licitação para locação de carros blindado". Um dos aspectos que levantam suspeitas é o excessivo detalhamento do carro que deve ser alugado.
Tatto sugeriu que Salles teria cortado gastos da pasta do Meio Ambiente enquanto exigia um "carro SUV a diesel, com tração de quatro rodas, câmbio automático, vidros e portas elétricas, bancos de couro, câmera de ré e GPS" para uso próprio.
Para o deputado, o edital é uma "afronta" diante da pandemia do coronavírus e da crise no país, quando o orçamento do Ibama para enfrentamento do desmatamento é estimado em cerca de R$ 70 milhões. "Enquanto o Brasil está preocupado com desmatamento recorde na Amazônia o ministro prioriza aluguéis de veículos", considera Tatto.
Ainda esse mês, a Justiça quebrou o sigilo bancário do escritório de advocacia e da mãe de Salles. O patrimônio declarado do atual ministro aumentou de R$ 1,4 milhão para R$ 8,8 milhões entre 2012 e 2018, período no qual trabalhou como secretário para o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).