O empresário Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, anunciou nesta semana a venda de sua participação na Gamecorp, empresa responsável pela PlayTV. Por anos os negócios de Fábio Luís foram devassados por ataques e denuncias caluniosas, mas nunca nenhum ilícito foi comprovado.
Em carta emocionada direcionada aos funcionários da empresa, Fábio Luís recordou as "tempestades" que enfrentou com o canal, que já recebeu grandes artistas dos mais variados estilos e chegou a ter ibope superior à MTV Brasil.
"Nosso desafio foi muito maior pois também tivemos que enfrentar a desconfiança da mídia, operações policiais para busca de documentos dentro de nossos lares, denúncias do Ministério Público, inquirições em CPIs, inquéritos na Polícia Federal, ondas de ataques em redes sociais e o julgamento fulminante da opinião pública. Não conheço um negócio que tenha sido tão vasculhado, por tanto tempo", declarou.
"Apesar do massacre, nunca conseguiram demonstrar qualquer irregularidade. Nada. Quero dizer, bem alto, que eu tenho muito orgulho da Gamecorp e de tudo que construímos juntos, só com trabalho, criatividade e competência", diz ainda.
Assim como Fábio, os demais acionistas da Gamecorp, os irmãos Fernando e Kalil Bittar, também venderam a participação na empresa.
O advogado de Fábio Luís, Marco Aurélio de Carvalho comentou com a Fórum sobre a perseguição. "A verdade é que venda da Gamecorp está encerrando uma verdadeira saga, de uma forma muito positiva. Demonstra, a despeito de tudo que se falou, que se trata de uma empresa que produz e emprega, que encontrou um interessado em tocar o negócio, assumindo inclusive suas dívidas. É uma das notícias mais importantes sobre essa empresa em muito tempo", declarou.
Carvalho ainda afirmou que "perseguição criminosa, injusta e implacável contra Fábio e sua família merece uma resposta enérgica do Poder Judiciário e do Estado brasileiro". "Fábio não pode ser criminalizado por carregar o sobrenome do maior líder popular deste país", completou.
Leia, abaixo, a íntegra da carta, obtida pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo:
Lembro desses últimos 15 anos como se tivesse feito uma longa escalada, em um terreno muito íngrime, sempre contra o vento e as tempestades. A maioria das empresas precisa se preocupar apenas em fazer seu trabalho direito, para conquistar e agradar seus clientes. Eu acho que nosso desafio foi muito maior pois também tivemos que enfrentar a desconfiança da mídia, operações policiais para busca de documentos dentro de nossos lares, denúncias do Ministério Público, inquirições em CPIs, inquéritos na Polícia Federal, ondas de ataques em redes sociais e o julgamento fulminante da opinião pública. Não conheço um negócio que tenha sido tão vasculhado, por tanto tempo. Em vários momentos eu me senti absolutamente exausto. Mas agora, olhando para trás, posso dizer com toda tranquilidade e convicção que valeu a pena cada minuto dessa jornada. Apesar do massacre, nunca conseguiram demonstrar qualquer irregularidade. Nada. Quero dizer, bem alto, que eu tenho muito orgulho da Gamecorp e de tudo que construímos juntos, só com trabalho, criatividade e competência.
Tenho alguns arrependimentos. Poucos. Um deles é que perdemos tanto tempo enfrentando críticas por aquilo que não fizemos, que deixamos de comemorar o que fizemos. Hoje a indústria dos games é uma potência, mas quando começamos era muito diferente. Conseguimos enxergar um negócio, onde a maior parte das pessoas só via uma brincadeira de garotos. É hora de lembrar que fomos um dos inovadores dessa indústria aqui no Brasil. A PlayTV, primeiro canal voltado exclusivamente ao mundo dos games, disputou o primeiro lugar no Ibope contra grandes grupos de comunicação e chegou a reunir uma equipe de 300 pessoas, totalmente voltada para a produção de conteúdos. Conseguimos atrair investidores pela qualidade do nosso negócio. Construímos uma empresa que deu lucro, gerou empregos e da qual tirei meu sustento. Como vocês sabem, começa agora uma nova etapa. O mercado de TV a cabo sofreu mudanças muito grandes nos últimos anos. Para sobreviver a elas, entendemos que a empresa precisa de vários recursos que não somos capazes de mobilizar. A Gamecorp foi adquirida pelo empresário Walter Abrahão Filho, que já atua no ramo e tem a experiência e as condições para enfrentar esse desafio.
Fica meu enorme agradecimento a todos os nossos valentes e brilhantes colaboradores e aos meus sócios Kalil e Fernando, com quem dividi os melhores e os mais difíceis momentos dessa história. Nós três continuamos juntos, aprendemos um bocado e vamos seguir trabalhando com tecnologia. Para acabar, eu gostaria de dar um grande abraço em cada um de vocês, mas meu lado biólogo manda eu seguir à risca as recomendações, por isso #FiqueEmCasa.
Obrigado.
Fábio Lula da Silva.