O novo ataque do presidente Jair Bolsonaro a jornalistas nesta terça-feira (5) trouxe à tona um episódio do período da ditadura militar. Em dezembro de 1983, já na "lenta e gradual" reabertura, o general Newton Cruz mandou um jornalista se calar.
O alvo de Cruz foi Honório Dantas, jornalista da Rádio Planalto. Dantas questionava o general por medidas de emergência decretadas pelo governo no Distrito Federar. "Deixa eu falar!", gritou Cruz. "Pode falar, general", respondeu o repórter. "Desliga essa droga então", finalizou o militar.
Cruz se retirou e Dantas então disse que tinha orgulho do empurrão. Foi quando o general voltou, chamou o profissional de imprensa de “moleque” e deu uma chave de braço no repórter até que ele pedisse desculpas.
Cruz atuou como chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI) entre 1977 e 1983, segundo o CPDOC/FGV.
A cena foi lembrada por jornalistas, parlamentares e artistas logo após Bolsonaro mandar repórter da Folha de São Paulo calar a boca. "Estou tendo influência sobre a Polícia Federal? Isso é uma patifaria. Cala a boca, não perguntei nada. Cala a boca, cala a boca", disse o ex-capitão.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que "assim como o general Newton Cruz na ditadura, Bolsonaro mostra que é autoritário, tem desprezo pela democracia e não consegue conviver com a imprensa livre". O humorista Marcelo Adnet também recordou o episódio: "Dezembro de 1983, quando a ditadura se aproximava do fim. A História se repete".
"O 'cala a boca' de Bolsonaro hoje dez muitos lembraram deste episódio deprimente protagonizado pelo general Newton Cruz em 1983. Após mandar o jornalista Honório Dantas se calar, ele deu uma chave de braço em Dantas e obrigou o jornalista a se desculpar", escreveu o jornalista José Antonio Lima no Twitter.
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