O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, comentou o vídeo da reunião do presidente Jair Bolsonaro com seus ministros, em entrevista ao colunista da revista Época, Guilherme Amado, nesta segunda-feira (25).
"Fiquei um pouco triste de um tempo tão precioso de pessoas com tanto poder de decisão ser usado para assuntos de pouca relevância ou agressões a pessoas. Foi um episódio singular. Eu nunca vi nada igual", disse Mendes, na conversa que foi transmitida pelo Instagram do jornalista.
O ministro destacou que não se falou sobre o número de mortos na epidemia de coronavírus e que seria interessante saber quais proposições saíram daquela reunião. Ele também demonstrou preocupação com o plano de Bolsonaro de armar a população.
"O que significa armar a população para garantir a liberdade? O que é isso? Vamos fornecer armas para quem? Para milicianos? É tudo muito peculiar e as pessoas devem ter uma conduta em que elas possam se olhar no espelho", afirmou.
A reunião ocorrida no dia 22 de abril, teve a gravação divulgada, na última sexta-feira (22), no inquérito que investiga a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal para blindar familiares e aliados.
Gilmar Mendes também alertou para a afirmação do presidente de que os seu serviço "particular" de informações funciona.
"Isso foi dito diante do ministro da Defesa e do ministro da Justiça. Estavam o general Ramos e o general Braga Neto. Isso precisa ser explicado. Que tipo de serviço é esse? Temos visto nessas manifestações a bandeira de Israel. Será que existe alguma conexão? Isso é um fato que precisa ser esclarecido", comentou.
Questionado sobre o papel das Forças Armadas no governo Bolsonaro, o ministro diz que elas servem ao Estado Brasileiro e não a um partido político.
"Quando se diz que vamos fechar o STF usando um soldado e um cabo está se fazendo um vilipêndio. Uma ofensa às Forças Armadas. Está se usando as Forças Armadas como se fossem milícias de um partido político. Isso é indigno. Isso é uma grande ofensa", disse.