Dados da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD) Contínua de 2019, divulgados no início de maio, apontam um crescimento da população que vive com menos de 1,9 dólar por dia.
Segundo reportagem de Bruno Lupion, do Deutsche Welle, mais de 170 mil brasileiros desceram abaixo da linha da pobreza extrema. No total, são 13,8 milhões de pessoas nessa faixa de renda, o que representa 6,7% da população. O número é o mais alto desde 2012.
O principal motivo seria a deficiência na aplicação do programa Bolsa Família. O primeiro ano de governo Bolsonaro deixou acumular uma grande fila de pessoas - de cerca de 1 milhão - que buscavam o benefício mas não conseguiam acessá-lo.
Em março de 2020, o Ministério Público Federal chegou a pedir explicações para o governo Bolsonaro sobre um suposto esvaziamento do Bolsa Família no Nordeste. Somente 3% dos novos beneficiários do programa eram da região, apenas 0,23% das famílias nordestinas registradas no Cadastro Único do Governo Federal (porta de entrada pro programa) foram chamadas este ano.
Houve uma ligeira queda na desigualdade de renda em razão do crescimento nos ganhos das classes médias. O índice de Gini foi de 0,545 para 0,542 - o que fez o IBGE considerar o valor como estável.
"Se olharmos somente os gráficos da renda média e da desigualdade, parece que temos uma boa notícia. Mas é importante olhar ao longo de toda a distribuição [da população]: os mais pobres continuaram perdendo em 2019, como vêm perdendo sistematicamente desde 2015", disse ao DW o sociólogo Rogério Barbosa, do Centro de Estudos da Metrópole da Universidade de São Paulo (USP).