“Bolsonaro se isola, no caminho errado”, é o título de uma matéria publicada nesta quarta-feira pela revista britânica The Economist, uma das mais prestigiadas revistas financeiras do mundo, e de conhecida linha editorial neoliberal.
No texto, a revista aponta Bolsonaro como “um dos quatro governantes do mundo continuam negando a ameaça à saúde pública representada pelo covid-19”, comparando-o aos presidentes da Bielorrússia (Aleksandr Lukashenko), do Turquemenistão (Gurbanguly Berdimuhammedow) e da Nicarágua (Daniel Ortega). Logo, começa a descrever o caso brasileiro dizendo que “o enfraquecimento de Jair Bolsonaro em meio aos esforços do seu próprio governo para conter o vírus pode marcar o início do fim de sua presidência”.
O texto também qualifica Bolsonaro como “o ex-capitão do exército que gosta de governantes militares”, e que, desde o princípio, tratou a pandemia do coronavírus como “apenas uma gripezinha”.
Em seguida, afirma que “os brasileiros se acostumaram às suas bravatas e à sua ignorância em questões que vão desde a conservação da floresta amazônica até a educação e o policiamento. Mas desta vez o dano é imediato e óbvio: Bolsonaro usa sua retórica desafiadora para uma ação de sabotagem ativa da saúde pública”.
Também conta que “os governadores dos estados mais importantes do Brasil foram adiante e impuseram bloqueios usando seus próprios poderes. Bolsonaro incentivou os brasileiros a ignorá-los”. Também relata que “ele (Bolsonaro) chegou duas vezes perto de demitir seu próprio ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, um médico conservador que se opôs publicamente ao chamado do presidente para diminuir as restrições”.
Em uma das definições mais eloquentes, a matéria afirma que “grande parte do governo o trata como um parente difícil que mostra sinais de insanidade. Os principais ministros, incluindo o grupo de generais no gabinete, bem como os oradores das duas casas do Congresso, deram apoio às vezes ostensivo a Mandetta, que tem o público ao seu lado”.
Em seguida, o texto cita a pesquisa Datafolha que dá 76% ao ministro Mandetta, com respeito à sua postura com relação ao enfrentamento da pandemia, e compara com os apenas 33% de aprovação para a postura de Bolsonaro diante do mesmo cenário.
A The Economist também considera que “pode haver pouca dúvida de que a conduta do presidente mereça constitucionalmente um impeachment, um destino que aconteceu com dois de seus antecessores, Fernando Collor em 1992 e Dilma Rousseff em 2016. Mas, por enquanto, Bolsonaro mantém apoio público suficiente para sobreviver”. No entanto, também diz que o presidente “é apoiado por um pequeno círculo de fanáticos ideológicos, estimulados pelos seus três filhos, por muitos fanáticos evangélicos, e ainda é apoiado pela falta de informações sobre a covid-19 entre alguns brasileiros”.