O então diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, ao contrário do que disse o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ), nesta sexta-feira (24), não comentou, durante uma videoconferência no órgão, que pretendia deixar o cargo, de acordo com três delegados da Polícia Federal ouvidos pela coluna de Rubens Valente, no UOL.
"O presidente mentiu. Participei da reunião ontem (quinta-feira, dia 23). Valeixo não disse isso, nunca! O Valeixo nunca pediu para sair. Tinha projetos conosco. Ele falou sobre o planejamento do ano, as operações do ano", disse um dos delegados.
Durante seu pronunciamento, Bolsonaro fez referência a uma videoconferência realizada na quinta-feira entre Valeixo, os diretores da PF em Brasília e todos os superintendentes nos Estados e no Distrito Federal onde o então diretor da PF revelava cansaço e queria pedir demissão.
"E a Polícia Federal? Como publicado por vocês no dia de ontem, mas esqueçam a imprensa. Ontem, numa videoconferência, o senhor Valeixo se dirigiu a todos os seus 27 superintendentes e disse que, desde janeiro, vinha falando ao senhor Sergio Moro que iria deixar a Polícia Federal. Os superintendentes são prova disso", discursou Bolsonaro.
Outro delegado – todos falaram sob a condição de anonimato – afirmou que "Valeixo não falou isso, não, de pedir demissão. O que o Valeixo disse na reunião foi o que ele sempre ressaltou, em diversas reuniões, que ele estava dizendo ao ministro Sérgio Moro que ele podia ficar tranquilo quanto a dispor do cargo dele. Para mim, ele se mostrou desanimado a respeito de novos ataques que estava sofrendo. Mas ele não disse 'estou cansado'. Que ele estava cansado foi uma percepção minha", disse o delegado.
Um terceiro policial que participou da reunião também comentou que Valeixo informou que "a coisa estava estranha", em referência a novas pressões vindas do Planalto, mas "ele não disse que iria sair, não".