O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, escreveu, nesta sexta (17) em seu Twitter que "projetos com rappers serão aceitos na Fundação Palmares somente após rigorosa checagem da vida pregressa dos 'artistas'". Camargo postou ainda que rappers que "enveredam pelo caminho do crime, da apologia das drogas e da putaria, ou se deixam usar como capachos da esquerda, jamais serão contemplados" pela instituição.
A resposta veio rápida de militantes e artistas, como o escritor Ale Santos:
"Os critérios de financiamento, principalmente de um projeto artístico, como projetos de música, de rap, ele nunca pode seguir critérios que configurem uma censura prévia. Ao dizer que já não vai aceitar pessoas que tenham uma "vida pregressa", ele comete uma série de equívocos. Primeiro: de não entender que a saída pela música é sim uma uma forma para pessoas que, eventualmente, tiveram em seu passado problemas criminais, se ressocilizarem", diz Augusto Arruda Botelho, advogado e comentarista político da CNN Brasil. "A postura dele é diametralmente oposta à que a gente deve esperar. Se uma pessoa que teve problemas em seu passado busca a expressão artística para se reabilitar, ela deveria ser incentivada, e não cerceada. Os critérios para escolha em um financiamento nunca podem ser ideológicos, ter um recorte partidário e muito menos configurar uma censura prévia com um critério pessoal estipulado pelo gestor daquele momento. O dinheiro público não é gerido dessa forma. A manifestação dele é ilegal, absolutamente equivocada e vai na contramão do que se espera de umapessoa que tem o cargo que ele tem", finaliza o jurista.
Sérgio Camargo foi nomeado para a presidência da Fundação Palmares pelo ex-secretário da Cultura Roberto Alvim, aquele mesmo do vídeo nazista, mas, em dezembro de 2019, Justiça do Ceará aceitou um pedido da suspensão de sua nomeação. No 12 de fevereiro, o presidente do STJ, João Otávio de Noronha, derrubou a decisão, acatando um recurso da Advocacia-Geral da União.