O coronel Íbis Silva Pereira, ex-comandante-geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, lamentou a onda de ataques promovidos pelo policial militar youtuber Gabriel Monteiro contra ele.
Acusado de envolvimento com o tráfico por participar de um debate com moradores da favela da Maré, Pereira lamenta os ataques de "lógica fascista" contra ele, que desprezam o diálogo. "Como esse rapaz tem muitos seguidores, o fato em si - de eu ter sido a vítima das filmagens grosseiras dele - não importa", afirma.
Leia também: PM do Rio tem site hackeado após ação contra youtuber Gabriel Monteiro
"A Maré tem 140 mil moradores, a imensa maioria das pessoas que moram lá são decentes, dignas, trabalhadoras. Deveria ser uma preocupação de todo mundo que quer ter uma segurança pública melhor, ir lá conversar com as pessoas", declarou em entrevista ao colunista Leonardo Sakamoto, do Uol.
"Não vou deixar de acreditar no diálogo, apesar de algumas autoridades, que juraram à Constituição, acharem que esse tipo de ataque à dignidade está certo", afirmou, em referência ao apoio dado por figuras como Eduardo Bolsonaro ao youtuber, que perdeu porte de arma em processo interno da PMERJ.
Ele ainda critica o modelo de guerra que a polícia militar reproduz e afirma que é inspirado nisso que Monteiro promove ações dessa ordem. "Guerra não pode ser concepção de política pública, acaba sendo porque estamos apostando no imediatismo e no espetáculo", disse ainda.
"O fato de a gente não ter equacionado a segurança pública adequadamente durante a redemocratização contribuiu para minar a democracia brasileira. A lógica da guerra e da militarização é a mesma gramática que o youtuber usou contra mim, que é uma lógica fascista, em última análise", completou.
Leia a entrevista completa na coluna do Leonardo Sakamoto, no Uol