A ativista Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco e diretora do Instituto Marielle Franco, fez uma sequência de postagens no Twitter na noite deste domingo comentando sobre a polêmica em torno da série ficcional comandada pela roteirista Antonia Pellegrino ao lado do diretor José Padilha.
Anielle aponta que as duas produções do Globoplay sobre Marielle - um documentário e a série ficcional - já foram apresentadas à família prontas e aconteceriam independentemente do aval. Ela relata que a série gerou mais preocupação.
"Na série ficcional, desde o 1º momento cobramos a necessidade do protagonismo de profissionais negras(os) e permaneceremos insistindo. Mesmo sem ter controle sobre como vai ser o resultado final, estamos acompanhando para q sejam devidamente respeitosos e coerentes com a história da Mari. E q o alcance dos dois ajude a dar visibilidade e força tb para o Instituto e para o trabalho que seguimos fazendo por aqui", escreveu.
A ativista disse que torce pelo sucesso da produção, para trazer visibilidade à causa de Marielle e da instituto, mas que apontou que planeja estruturar uma forma de contar a história da ex-vereadora "da maneira como achamos que deve ser contada, através do olhar, por exemplo, de diretoras e cineastas negras, faveladas e periféricas do Brasil".
Anielle ainda destacou que o instituto, neste momento, está focado nas mobilizações de 14 de março, quando a morte de Marielle completa 2 anos, ainda sem resposta.
Polêmica
A série criada por Pellegrino foi bastante criticada por ser conduzida o do projeto por três pessoas brancas (Pellegrino, Padilha e George Moura). “É revoltante mais uma vez ver a branquitude disfarçar de boas intenções a apropriação da imagem de uma mulher negra lésbica, favelada, mãe, filha, irmã e esposa”, diz trecho de carta assinada por profissionais negros do audiovisual e das artes no geral.
Neste domingo a polêmica aumentou após a roteirista dizer que escolheu Padilha e não um diretor negro porque não há "um Spike Lee brasileiro" por conta do racismo estrutural. O professor Silvio Almeida, autor do livro Racismo Estrutural, foi um dos que criticou a fala da roteirista.
“Ao tomar consciência da dimensão estrutural do racismo, a responsabilidade dos indivíduos e das instituições aumenta e não diminui. Agora, cada um vai ter que pensar qual o seu papel na reprodução de uma sociedade racista”, disse.