Ninguém duvida que Eduardo Bolsonaro é um fanático defensor da ideologia da direita mais reacionária, da influência dos Estados Unidos, e também dos legados das sanguinárias ditaduras sul-americanas que trabalharam em comunhão na América do Sul, entre as Décadas de 1960 e 1980. Por tudo isso, seria fácil imaginar que ele conhece bem que foi Henry Kissinger, certo?
Seria fácil supor que sim, mas o próprio deputado, em entrevista à revista Piauí, disse que não. Ao ser perguntado sobre quem são seus ídolos na política externa, respondeu que eram Jared Kushner (genro de Donald Trump) e os senadores republicanos Ted Cruz e Marco Rubio, do setor mais reacionário do Partido Republicano, e apoiadores costumazes dos movimentos de ultra direita na América Latina.
Então foi perguntado sobre o que pensa sobre Henry Kissinger. Segundo a revista, diante da questão, ele “tomou toma um gole d’água, olhou para o assessor ao lado e respondeu: `não conheço'”.
O cara é tão burro que não conhece nem os facínoras que ele deveria idolatrar. https://t.co/I8XwCpkpNk
— Bruno Torturra (@torturra) March 2, 2020
Henry Kissinger foi secretário de Estado norte-americano durante o governo de Richard Nixon, cargo pelo qual colaborou com todas as ditaduras da América Latina, através da chamada Operação Condor. Também foi conselheiro de relações exteriores de vários presidentes estadunidenses, especialmente os republicanos.
A respeito do tema, é muito famosa uma frase sua sobre o governo do socialista chileno Salvador Allende, eleito pelo voto popular em seu país: “os Estados Unidos não podem permitir que um país adote o comunismo por irresponsabilidade de seu próprio povo”. A frase foi usada para justificar o apoio ao golpe de 11 de setembro de 1973, e a posterior ditadura de Augusto Pinochet, uma das mais sanguinárias da história, e que durou até 1990.
Kissinger também foi um dos maiores patrocinadores da ideia de levar os Estados Unidos à guerra contra o Vietnã, entre muitas outras políticas simbólicas da Guerra Fria. E apesar disso tudo, ganhou um prêmio Nobel da Paz, em 1973, pelo acordo de paz com o Vietnã que colocou fim à guerra que ele ajudou a promover, mas que terminou aceitando a derrota, depois de mais de 60 mil mortes estadunidenses.