Reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta quarta-feira (19) aponta que o ex-funcionário da empresa Yacows, Hans River do Rio Nascimento, deu informações falsas não só na CPMI das Fake News do Congresso como também ao Ministério Público Eleitoral.
No dia 11 de fevereiro, a parlamentares da CPMI, Hans River, além de acusar a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha, de ter se insinuado sexualmente para ele em troca de informações sobre os disparos em massa de mensagens que seriam executados pela Yacows, sua ex-empresa, o ex-funcionário deu informações inconsistentes e mentirosas, como a de que ele não teria repassado a lista de nomes e CPFs utilizados para os disparos ilegais para a repórter da Folha, ou ainda que ela teria o procurado para falar de seu livro, e não sobre sua relação com a empresa em questão. Todas essas informações foram desmentidas pela Folha com documentos e prints da troca de mensagens entre ele e a repórter.
A acusação de Hans River serviu, inclusive, de base para que o presidente Jair Bolsonaro insultasse Patrícia Campos Mello ao dizer que a repórter queria "dar o furo".
Mais de um ano antes, em dezembro de 2018, Hans River prestou depoimento ao Ministério Público Eleitoral em que repetiu as mesmas mentiras - exceto a parte da insinuação sexual.
Aos procuradores, o ex-funcionário, assim como na CPMI das Fake News, disse que Patrícia Campos Mello foi até sua casa, o que nunca aconteceu. Disse também que não sabia como a jornalista conseguiu uma lista de 10 mil nomes de usuários de WhatsApp que seriam alvos dos disparos, sendo que foi ele mesmo quem mencionou a lista. Nas primeiras abordagens da repórter, o ex-funcionário afirmou ainda que tinha "muito a dizer" sobre o assunto.
Todas as inconsistências e mentiras de Hans River presentes nas informações dadas ao Ministério Público Eleitoral são esclarecidas através de prints das conversas e documentações. Confira aqui.
Falso testemunho
Após o depoimento de Hiver a parlamentares, a relatora da CPMI das Fake News, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), protocolou junto à procuradoria-geral da República (PGR) uma representação contra o ex-funcionário da Yacows solicitando que ele seja enquadrado por falso testemunho.
A parlamentar se baseia, no documento protocolado junto à PGR, no Código Penal, que classifica como crime “fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral”. A legislação prevê punição de dois a quatro anos e multa para o crime.