Milicianos se filiaram ao PSOL em 2016 e polícia apura se foi para monitorar Marielle, diz revista

Assassinato da vereadora vai completar mil dias sem respostas sobre as motivações do crime; segundo reportagem da Veja, um dos filiados era braço direito de Adriano Nóbrega, homenageado por Flávio Bolsonaro na Alerj

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Reportagem da jornalista Marina Lang, da revista Veja, publicada nesta segunda-feira (7), informa que dois milicianos ligados ao Escritório do Crime, associação criminosa do Rio de Janeiro, se filiou ao PSOL logo depois das eleições de 2016. Naquele pleito, Marielle Franco foi eleita vereadora pelo partido no Rio, sendo a quinta mais votada para a Câmara carioca.

A descoberta se insere nas investigações sobre o assassinato da parlamentar e de seu motorista Anderson Gomes em uma emboscada em 14 de março de 2018. A Polícia Civil apura se a filiação tinha objetivo de infiltração para monitorar a agenda da vereadora. Lembrando que a filiação partidária no Brasil é livre.

As filiações são de Laerte Silva de Lima, réu em uma ação decorrente da operação Intocáveis 1 – que investiga ações criminosas desse grupo –, e de sua mulher, Erileide Barbosa da Rocha. Ela foi presa em janeiro deste ano em desdobramento da mesma operação.

O assassinato de Marielle e Anderson completa mil dias nesta terça-feira (8) sem apontar ainda mandantes ou motivações para o crime. No decorrer das investigações, foram presos os ex-PMs do Rio Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de serem os autores do crime. Mas o mandante ou o motivo do homicídio seguem sem serem elucidados. Lessa foi acusado pelo MP-RJ de chefiar um braço da milícia na zona oeste carioca.   

Ligação com Adriano da Nóbrega

Lima seria, de acordo com as investigações do Ministério Público do Rio, um homem de confiança do ex-capitão da PM do Rio Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro deste ano durante operação para sua captura, na Bahia.

Nóbrega sempre esteve no alvo dos investigadores sobre o assassinato de Marielle, mas não há provas de sua ligação com o crime. A descoberta da filiação de seu braço direito ao PSOL pode ser um novo indício a colocar o ex-capitão na rota dos policiais.

Capitão Adriano, como era conhecido, foi expulso da PM do Rio em 2014, devido a ligações com o jogo do bicho. Ele foi acusado de comandar a milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, em investigação do Ministério Público.

Seu caminho se cruzou com o do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) mais de uma vez. Ele foi homenageado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) por iniciativa de Flávio.

Além disso, sua mulher e sua mãe foram assessoras no gabinete do filho do presidente quando ele era deputado estadual. Essa relação foi descoberta no âmbito das investigações sobre um suposto esquema de “rachadinha” dos salários de funcionários de Flávio na Alerj. Essa investigação continua em vigor e o Ministério Público já fez uma denúncia formal à Justiça sobre o caso.

Leia a íntegra da matéria da Veja sobre a filiação dos milicianos ao PSOL aqui.