Boulos enxerga "cenário explosivo" ano que vem: "Barril de pólvora"

Psolista prevê uma convulsão social diante do fim do auxílio emergencial, crise econômica e guerra pela vacina contra a Covid; Boulos diz ainda que quer unir esquerda e viajar pelo país

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Pouco mais de uma semana após o segundo turno da eleição para a prefeitura de São Paulo, em que foi derrotado por Bruno Covas (PSDB), o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSOL), fez um balanço de sua campanha e previu um "cenário explosivo" no contexto social em 2021.

Em entrevista ao site do jornal Valor divulgada nesta segunda-feira (7), Boulos citou a crise econômica, o fim do auxílio emergencial, uma possível segunda onda de Covid-19 e a guerra por uma vacina contra a doença como fatores que devem motivar uma convulsão social.

"Me preocupa saber como vai ser 2021. Se o corte do auxílio emergencial for confirmado por Bolsonaro, se não tiver políticas municipal e estadual de transferência de renda, podemos viver um caos social no país em 2021. Não sabemos como estará a pandemia, se vai ter segunda onda [de covid-19]. Na economia, o cenário não é alentador. Podemos ter uma epidemia de desemprego e cenário de convulsão social em 2021 se não houver políticas para garantir emprego e renda", disse o político, acrescentando ainda que, antes de pensar na eleição de 2022, pensa em como articular uma mobilização contra esse cenário catastrófico que prevê para o próximo ano.

"É evidente que vai ter movimentações da sociedade. É um cenário explosivo, um barril de pólvora. Mais de 50 milhões de brasileiros dependem do auxílio emergencial e isso vai acabar em 31 de dezembro, sem que seja dada alternativa de renda e oportunidade de emprego. O que essas pessoas vão fazer? Muito possivelmente teremos um cenário de luta social por direitos, por emprego e renda em 2021", pontuou.

Sobre a almejada aliança entre partidos de esquerda para viabilizar uma candidatura à presidência em 2022, Boulos disse que trabalhará para isso, mas não pensando em nomes e, sim, em projeto.

"Se o debate da unidade começa pela discussão de nomes, vai mal. A unidade tem que se construir a partir de projetos. As diferenças que existem na esquerda estão no varejo. As diferenças que nos separam do bolsonarismo estão no atacado. Não tem pensamento único no campo progressista. O que nos une contra o bolsonarismo é maior do que aquilo que nos separa. Isso tem que dar consciência de responsabilidade, para buscar pontes e caminhos de unidade. Vou trabalhar para isso", assegurou o psolista, lembrando que ele conseguiu reunir, em seu programa eleitoral na TV, lideranças de esquerda como Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Flávio Dino (PCdoB) e Lula.

Ainda sobre essa possível frente pluripartidária, Boulos rejeitou qualquer tipo de aproximação com o chamado centrão ou ainda o PSDB e garantiu que, além de fazer oposição ao governo Bruno Covas em São Paulo, pensará política a nível nacional.

"Assim que tiver possibilidade, vou viajar pelo país. O saldo dessa campanha não foi apenas em São Paulo. Se tiver liberado, pretendo ir [nesta semana] a Belém conversar com Edmilson [Rodrigues] e seu grupo. Chamamos atividade virtual, no dia 12, com pessoas que se engajaram na campanha. Dois dias depois de lançada, tinha mais de 10 mil inscrições. Vamos criar núcleos, organizar as pessoas, pensar formas de mobilização, de atuação virtual. O caldo que se criou não acaba com o fim das eleições", detalhou.

Confira a íntegra da entrevista aqui.