Em entrevista ao Fórum Café nesta terça-feira (15), o médico infectologista e diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbáez, condenou o que chama de "tom de chacota" adotado pelo presidente Jair Bolsonaro ao falar sobre a vacinação contra a Covid-19.
Segundo afirmou Bolsonaro a apoiadores nas tradicionais conversas no portão do Palácio da Alvorada, nesta segunda-feira (14), a Medida Provisória que vai estabelecer as diretrizes do Plano de Vacinação contra a doença no país incluirá a obrigatoriedade da assinatura de uma espécie de termo de responsabilidade pelos brasileiros que optarem pela imunização.
Para Urbáez, presidente não quer se responsabilizar por eventuais efeitos colaterais da vacina. O médico comenta, no entanto, que sintomas são leves e fazem parte do processo de imunização.
"Ele destrói a pneumologia, ele destrói as doenças infecciosas, e faz isso em um tom de chacota que é absolutamente condenável. Ele não quer responder por milhões de pessoas que vão tomar a vacina e que sem dúvidas terão um mal estar, porque a vacina é um imunomodulador. Você está injetando na pessoa um elemento que vai modular o sistema imune, é até um certificado de que a vacina 'pegou' quando a pessoa tem esses efeitos adversos, que são todos efeitos leves", comentou o infectologista.
José David também comentou sobre os impactos que a postura negacionista do presidente tem na saúde pública. Ele conta há um sentimento de "impotência" no meio médico diante da disseminação de fake news na pandemia.
"Nós não temos repertório para contrapor, porque a gente fica perplexo pelo linguajar. Agora, ele está coagindo as pessoas sobre um termo de consentimento. Isso não é verdade", comenta.
"O sentimento é de impotência [...] Pandemia significa sempre trabalhar com a incompletude de conhecimento. A maneira de se comunicar sempre traz essa barreira. Quando você tem essa desqualificação, isso no meio médico é um embate cotidiano. Esse embate não é de médico com médico, é no paciente, que fala como falou o presidente", completou.
Confira a entrevista completa: