O presidente Jair Bolsonaro foi condenado em primeira instância nesta quinta-feira (10) a indenizar a jornalista Bianca Santana, do portal Uol, por ter a acusado falsamente de escrever fake news durante transmissão ao vivo realizada pelo mandatário.
Segundo informações da coluna Painel, da Folha de S. Paulo, o juiz César Augusto Vieira Macedo, do Tribunal de Justiça de São Paulo, acatou parcialmente um pedido de danos morais feito pela jornalista contra o presidente e estabeleceu uma multa de R$ 10 mil.
Durante uma live presidencial realizada em 28 de maio, Bolsonaro acusou Santana de produzir fake news contra ele. Naquela semana, ela havia feito uma matéria apontando relações de amigos e familiares do presidente com os acusados do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco.
Dois meses depois - quando Santana já havia acionado a Justiça -, o ex-capitão se retratou e disse que "houve um equívoco" e pediu desculpas à profissional de imprensa. Por isso, a multa estipulada caiu dos R$ 50 mil pedidos pela jornalista para os R$ 10 mil estabelecidos.
"O que mais me chama atenção não é pelo valor, mas o fato de um presidente da República, que vem agredindo jornalistas e ferindo a liberdade de expressão, ser condenado”, disse Bianca Santana à Folha. Ela pretende doar a quantia para o Instituto Marielle Franco.
Levantamento feito pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) em outubro apontou que o presidente Jair Bolsonaro fez, em média, 1 ataque à imprensa por dia entre janeiro e setembro de 2020. No total, foram 299 no período. Destes, 259, foram classificados como ataques de descredibilização da imprensa. Os outro 38 foram de “ataque a jornalista”.
Em 2019, foram 114 casos de descredibilização da imprensa e 94 de agressões diretas a profissionais, totalizando 208 casos de violência, segundo o Relatório de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil da Fenaj do último ano.