Balcão de negócios: Bolsonaro usará Ministério do Turismo para comprar votos para eleição de Lira

Em sua carta de despedida aos colegas de ministério, Álvaro Antônio falou explicitamente da compra de apoio no congresso, relatando que governo "paga um preço nunca visto antes na história"

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Já programada nos bastidores do Planalto em uma reforma ministerial, a demissão antecipada de Marcelo Álvaro Antônio após a briga com Luiz Ramos, ministro da Secretaria de Governo, caiu como uma luva para os planos de Jair Bolsonaro, que deve usar o cargo - e todos os demais que ficarão vagos com a exoneração - no balcão de negócios para compra de votos para eleger Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara.

Em sua carta de despedida aos colegas de ministério, Álvaro Antônio falou explicitamente da compra de apoio no congresso, articulado por Luiz Ramos.

"Ministro Ramos, o Sr entra na sala do PR comemorando algumas aprovações insignificantes no Congresso, mas não diz o ALTÍSSIMO PREÇO que tem custado, conheço de parlamento, o nosso governo paga um preço de aprovações de matérias NUNCA VISTO ANTES NA HISTÓRIA, e ainda assim (na minha avaliação), não temos uma base sólida no Congresso Nacional, (tanto que o Sr pede minha cabeça pra tentar resolver as eleições do parlamento, ironia, pede minha cabeça pra suprir sua própria deficiência)", escreveu o agora ex-ministro.

Lira confirmou nesta quarta-feira (9) sua candidatura e deu início ao balcão de negócios.

A estratégia montada é Lira angariar apoio de partidos de centro-esquerda, colocando-se como candidato "independente", enquanto Bolsonaro e governistas negociam a compra de votos na direita e centro direita, com cargos e cerca de R$ 6 bilhões de crédito extraordinário em emendas parlamentares, alocadas em oito ministérios.

A negociata inclui ainda os cargos no Ministério do Turismo, fato que foi escancarado por Marcelo Álvaro Antônio em sua saída do governo.