Apesar do rótulo de “radical” que seu adversário Bruno Covas (PSDB) tenta impor, o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, tem tentado mostrar disposição ao diálogo com diferentes setores, inclusive com representantes do mercado.
Uma matéria recente da Folha de São Paulo revelou que o ex porta-voz do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) chegou a realizar cinco encontros com representantes do mundo empresarial, que chegaram a reunir até 30 participantes.
Segundo a reportagem, o PSOL teve o cuidado de não deixar que os eventos fossem vistos como uma rendição ao setor empresarial e o próprio candidato destacou que sua postura é a de ouvir o mercado, mas sem abrir mão do programa de direitos sociais estabelecido por sua campanha.
Com esse intuito, duas das principais figuras que ajudaram Boulos com essa aproximação foram a empresária Paula Lavigne, esposa do cantor e compositor Caetano Veloso e representante do grupo 342 Artes, e o economista Eduardo Moreira, que já trabalhou para o banco BTG Pactual e outras instituições do mercado financeiro – ambos também são membros do grupo Somos 70%, contra o governo de Jair Bolsonaro.
Em entrevista à Folha, Lavigne disse que não concorda com tudo o que Boulos propõe, “mas ele quer ouvir e entender o que você está dizendo, e se mostra disposto a avaliar as coisas”. Ela completou dizendo que “já lidei com muitos políticos, e talvez ele seja o menos radical de todos”.
Já Eduardo Moreira disse, também em entrevista à Folha, que “sempre me incomodou a chantagem do mercado a qualquer candidato de esquerda que crescia nas pesquisas, propagando que o mundo acabaria se ele vencesse. Por que isso de ‘acalmar o mercado’? Por que não acalmar quem passa fome na periferia, os pretos que levam tiro na cabeça?”.