Márcia Aguiar, mulher do ex-PM Fabrício Queiroz, ajudou a desviar R$ 1,1 milhão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) no esquema conhecido como “rachadinhas”. A acusação consta de denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) à Justiça, segundo reportagem de Iuri Corsini, da CNN Brasil.
Márcia é uma das pessoas investigadas no inquérito. Ela foi funcionária do gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) quando ele era deputado estadual. E é apontada, segundo a denúncia, como uma das 12 funcionárias fantasmas do gabinete do filho do presidente.
Do total movimentado pela mulher do ex-PM, pouco mais de R$ 868 mil (ou 75% do que ela recebeu da Alerj) teriam sido usados para abastecer a suposta organização criminosa.
Segundo a denúncia, protocolada há três semanas pelo MP-RJ, parte dos salários de assessores do filho do presidente na Alerj eram desviados. E os recursos serviriam para custear despesas pessoais de Flávio. Queiroz é apontado pelo MP como operador do esquema, e o filho do presidente, de chefiá-lo.
Caso a denúncia seja aceita, Flávio se tornará réu por peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
À CNN Brasil, a defesa de Márcia e Queiroz disse que é “inverídica a acusação de desvio de valores na Alerj”, e que “Márcia sempre exerceu com rigor as atribuições legais dos cargos que ocupou”.
Cruzamento de dados
O MP-RJ levantou os valores que Márcia recebeu da Alerj e cruzou com depósitos bancários feitos para Queiroz. Dos 12 assessores envolvidos, de acordo com a reportagem, o ex-PM recebeu depósitos de R$ 2.079.149,52 em valores desviados da Alerj. Desse montante, Márcia foi responsável sozinha, de acordo com a denúncia, por cerca de R$ 445 mil.
Ainda segundo o MP, mulher de Queiroz movimentou, em espécie, cerca de R$ 423 mil dos mais de R$ 1 milhão que recebeu da Alerj.
Depois de ficar 22 dias foragida em meados deste ano, Márcia está atualmente em prisão domiciliar junto com o marido. O benefício foi concedido pelo ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão em caráter liminar, ou seja, que ainda terá seu mérito julgado.