O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do Partido Novo, quer dar um desconto de mais de 50% em um acordo negociado com a Vale sobre a indenização por danos coletivos por causa do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, que deixou 270 mortos em Brumadinho em janeiro de 2019 - 11 pessoas ainda seguem desaparecidas.
Em reunião a portas fechadas marcada para as 14h desta terça-feira (17), a Advocacia Geral do Estado deve apresentar uma minuta propondo o valor de R$ 22 bilhões.
No entanto, um estudo da Fundação João Pinheiro, instituição de ensino e pesquisa do governo estadual, apontou que o impacto econômico e ambiental do desastre foi de pelo menos R$ 50 bilhões.
Segundo o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), o Ministério Pública e a Justiça calculam um valor de R$ 54 bilhões. "Tudo entre amigos", tuitou Correia, ao criticar o acordo entre Zema e a Vale.
"Trata-se de um acordo sem a participação dos atingidos. A Vale é reincidente no crime. Zema deveria estar ao lado da população defendendo uma reparação justa pelos danos causados, mas prefere negociar de forma sigilosa com a empresa por um valor muito abaixo do estipulado pela justiça", disse ainda o deputado à Fórum.
Sigilo
O promotor André Sperling, representante do Ministério Público de Minas, critica o sigilo imposto ao acordo. “A proposta absurda, ridícula e irresponsável da Vale precisa vir à luz”, disse, segundo o portal Além do Fato.
Em audiência na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, vítimas do crime também criticaram a falta de transparência das negociações sobre duas ações judiciais, que somam uma reivindicação de quase R$ 55 bilhões por danos coletivos. Desse valor, R$ 26 bilhões por danos socioeconômicos e R$ 28 bilhões por danos morais e difusos.