Procuradores da Lava Jato se manifestam contra fala de Bolsonaro sobre “fim” da operação

Mais enfático no “chororô”, Pozzobon diz que há grandes investigações em curso que devem continuar “em prol da sociedade brasileira”

Os procuradores Pozzobon, da Lava Jato, e Deltan Dallagnol, que deixou a operação (Foto: Reprodução)
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Depois da fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dando conta de que “acabou com a Operação Lava Jato” porque em seu governo não há corrupção, procuradores da força-tarefa começaram o chororô contra ela em redes sociais nesta quinta-feira (8).

A fala de Bolsonaro foi interpretada por políticos como mais uma ação para isolar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que se notabilizou quando era o juiz responsável por julgar os casos da ação. Moro responde a processo por suspeição em alguns de seus julgamentos, como no caso do ex-presidente Lula.

O mais enfático foi Roberson Pozzobon, que fez uma linha para desabafar no Twitter.

“Lamentável declaração do Presidente da República”, começou ele. “Não cabe ao Poder Executivo, nem mesmo ao chefe do Poder Executivo, decidir quando uma operação acaba. [...] Operações acabam quando investigações em andamento acabam”, continuou.

Para justificar sua fala, Pozzobon escreveu que “há dezenas de grandes investigações em curso na Lava Jato que precisam continuar em prol da sociedade brasileira”.

Mais sucinta, a procuradora Monique Cheker escreveu em seu Twitter: “As máscaras do discurso anticorrupção já despencaram”. Ela lembrava, com isso, do discurso em que Bolsonaro pautou boa parte de sua campanha para ser eleito presidente.

Afastado da operação e mais recluso desde então, Deltan Dallagnol não falou nada em suas redes sociais sobre o assunto até o momento.

Nota oficial

A força-tarefa não deixou barato e soltou uma nota oficial atacando o discurso do capitão reformado.

Nela, os procuradores da Lava Jato de Curitiba “lamentam” a fala do presidente, dizem que a operação é uma “ação conjunta de várias instituições de Estado no combate a uma corrupção endêmica” e que, segundo sua visão, “ainda se faz essencialmente necessária”. Para reforçar seu argumento, lembram de fase da Lava Jato deflagrada na quarta-feira (7) que teve apreensão de quase R$ 4 milhões em dinheiro vivo.

Eles terminam dizendo que “reforçam seu compromisso” de atuar na operação, “apesar de forças poderosas em sentido contrário”.