Nomeado duas vezes por Lula, Kassio Nunes diz que é "hilária" notícia que foi indicado por Ciro Nogueira, do PP

"Em que pese o sofrimento que eu tenho passado esses dias, é um momento hilário do dia porque eu não sei a quem atribuir tanta criatividade", declarou o desembargador, indicado por Bolsonaro para vaga no STF, em sabatina informal com senadores

Kássio Nunes (Foto: TRF1)
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Nomeado em 2008 - e reconduzido em 2010 - ao cargo de desembargador no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no Piauí pelo ex-presidente Lula, Kassio Nunes Marques classificou como "hilárias" as notícias que dizem que sua nomeação foi articulada junto a Jair Bolsonaro pelo senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, em sabatina informal realizada nesta terça-feira (6) por senadores.

"Quanto à questão da indicação, o que eu posso asseverar é que foi exclusiva do presidente Bolsonaro. Há um ditado antigo em Brasília que diz que quando a imprensa ultrapassa cinco nomes como padrinhos de indicados é porque realmente não consegue descobrir. […] Eu cheguei a ver na imprensa uma assertiva de que uma determinada pessoa me levou ao presidente e o diálogo que foi travado. Em que pese o sofrimento que eu tenho passado esses dias, é um momento hilário do dia porque eu não sei a quem atribuir tanta criatividade. Não foi esse exemplo que o senhor citou [do advogado Frederick Wassef], foi um outro caso de um parlamentar que teria me levado e consta na imprensa o diálogo, o que eu disse, o que ele falou", disse.

Nunes Marques ainda afirmou conhecer Bolsonaro desde os tempos em que o presidente era deputado, mas ressaltou não ter "proximidade".

"Conheci o presidente ainda como deputado. Nunca fui amigo do presidente, nunca tive uma aproximação maior. O que me levou a tentar uma aproximação, como tentei com muitas pessoas? Eu era candidato a uma vaga que ainda virá, do ministro Napoleão Nunes Maia, no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em razão disso eu busquei alguma aproximação com o presidente, estreitando esse contato, levando um pouco da postura que eu tinha judicialmente, da minha postura pessoal como juiz, e o resultado é que muito provavelmente isso tenha agradado o presidente ou ele tenha entendido que, pelo momento que passa o Brasil, deveria ter alguém com essas características (no STF)".

O desembargador ainda afirmou que "uma ou outra vez" portou armas em viagens ao interior do Piauí e desconversou sobre sua posição em relação à prisão após condenação em segunda instância - apesar de já ter votado a favor "em um caso concreto".

"Naquele momento nós tínhamos uma posição em que o Supremo Tribunal Federal autorizava a prisão em segunda instância. Nessa matéria eu coloquei minha posição favorável à possibilidade de prisão em segunda instância, mas entendendo que esse ato de recolhimento ao cárcere, em razão de uma exigência não só processual mas da própria Constituição Federal, ser feita por uma decisão fundamentada. (…) Naquele momento a minha preocupação era diante de um caso concreto em que nós temos um trabalhador, um cidadão, um pai de família que tem uma vida pregressa ilibada, não tem nenhum antecedente criminal, e venha a cometer algum crime, em razão de um problema com um vizinho, em razão de um exagero em um bar próximo à sua residência, ou seja uma eventualidade, não é um criminoso habitual. Minha preocupação seria procurar a adequação das medidas corretas".