Gilmar suspende ação de Bretas contra advogados de Lula, diz jornalista

Em operação autorizada pelo juiz da Lava Jato no Rio dentro desse processo, PF levou áudios que continham grampos ilegais de Moro no escritório dos defensores do ex-presidente

O ministro Gilmar Mendes - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Atendendo a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, suspendeu ação que investigava advogados da Fecomércio do Rio de Janeiro, incluindo defensores do ex-presidente Lula. A informação é a da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.

O processo é conduzido pelo juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio de Janeiro. A decisão de Gilmar Mendes impede que Bretas tome novas decisões no caso, de acordo com a apuração da jornalista.

No início de setembro, no âmbito desse processo, o juiz da Lava Jato expediu 50 mandados de busca e apreensão em residência e escritórios de advocacia do Rio, de São Paulo e de Brasília, autorizados por Bretas.

A operação foi feita pela Polícia Federal. Entre os alvos, estavam os advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, que representam Lula em outras ações, Ana Tereza Basílio, que defende o governador afastado do Rio, Wilson Witzel, e Frederick Wassef, que já representou a família de Jair Bolsonaro.

Entre os materiais apreendidos pela PF na casa de Zanin estava um HD que continha cópias dos grampos telefônicos feitos pela Lava-Jato de Curitiba contra Lula e o escritório.

O pedido de liminar da OAB sustenta três pontos. A entidade entende que houve usurpação de competência por Bretas, já que o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Napoleão Nunes, é indiretamente citado na delação que originou a investigação; a competência para investigar seria do MP estadual, e não federal, e a ação deveria correr na Justiça estadual; por último, as prerrogativas dos advogados teriam sido violadas na busca e apreensão feitas em seus escritórios.

Mendes concedeu o pedido de liminar, mas não acolheu, segundo Mônica Bergamo, os pedidos para que as investigações fossem remetidas ao STF.

Zanin elogiou a decisão de Gilmar Mendes. "Essa decisão recupera a dignidade da advocacia que atua e contesta, cumprindo o papel que a Constituição lhe assegura", afirmou o advogado.

Delação

O processo se baseia em delação premiada do ex-presidente da Fecomércio-RJ Orlando Diniz. Segundo ele, a contratação dos advogados foi feita para desviar recursos do sistema S, e não para a prestação de serviços tradicionais de advocacia. O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro aponta que houve desvio de R$ 151 milhões da federação.