O polêmico Decreto Nº 10.530, que abria espaço para a privatização de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), foi a medida do governo do presidente Jair Bolsonaro que mais teve repercussão negativa no Twitter desde o início do mandato do ex-capitão. A avalanche nas redes, conjugada a uma mobilização de parlamentares e entidades de Saúde, forçou o presidente a revogar a medida.
Segundo levantamento da consultoria Arquimedes revelado pelo jornalista João Paulo Saconi, da coluna Sonar, do Jornal O Globo, 98,5% das menções feitas ao decreto na rede social foram contrárias a ele.
Além da reações de parlamentares, ex-ministros da Saúde, ex-presidentes e do Conselho Nacional de Saúde (CNS), diversos artistas e influenciadores digitais se somaram à defesa do SUS nas redes.
O Decreto Nº 10.530, revogado em edição extra do Diário Oficial, dizia o seguinte: “Fica qualificada, no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República – PPI, a política de fomento ao setor de atenção primária à saúde, para fins de elaboração de estudos de alternativas de parcerias com a iniciativa privada para a construção, a modernização e a operação de Unidades Básicas de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. A medida ainda passava ao Ministério da Economia a decisão sobre as “parcerias”.
Apesar do recuo, Bolsonaro ainda tentou negar a intenção privatista do texto e falou em "falsa privatização". “A simples leitura do Decreto em momento algum sinalizava para a privatização do SUS. Em havendo entendimento futuro dos benefícios propostos pelo Decreto o mesmo poderá ser reeditado”, afirmou o ex-capitão no Facebook.
O argumento do presidente contraria a visão do CNS. “Nós, do Conselho Nacional de Saúde, não aceitaremos a arbitrariedade do presidente da República, que no dia 26 editou um decreto publicado no dia 27, com a intenção de privatizar as unidades básicas de saúde em todo o Brasil”, disse Fernando Pigatto, presidente do conselho.