O presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais na tarde desta quarta-feira (28) para comentar sobre a revogação do polêmico Decreto Nº 10.530, que abria espaço para a privatização de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). O ex-capitão negou que o texto, alvo de críticas de parlamentares, ex-ministros da Saúde, ex-presidentes e do Conselho Nacional de Saúde (CNS), se tratava de privatização.
Na publicação, o presidente criticou a repercussão do decreto, falou em "falsa privatização" e deixou em aberto a possibilidade de reedição do texto revogado por ele. "A simples leitura do Decreto em momento algum sinalizava para a privatização do SUS. Em havendo entendimento futuro dos benefícios propostos pelo Decreto o mesmo poderá ser reeditado", afirmou o ex-capitão.
"Temos atualmente mais de 4.000 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 168 Unidades de Pronto Atendimento (UPA) inacabadas. Faltam recursos financeiros para conclusão das obras, aquisição de equipamentos e contratação de pessoal. O espírito do Decreto 10.530, já revogado, visava o término dessas obras, bem como permitir aos usuários buscar a rede privada com despesas pagas pela União", disse ainda.
A posição do presidente contraria a visão do CNS, que enxerga intenção privatista no documento. “Nós, do Conselho Nacional de Saúde, não aceitaremos a arbitrariedade do presidente da República, que no dia 26 editou um decreto publicado no dia 27, com a intenção de privatizar as unidades básicas de saúde em todo o Brasil”, disse Fernando Pigatto, presidente do conselho.
No Congresso, partidos como PT, PCdoB e PSOL haviam apresentado projetos para tentar derrubar o texto. Nas redes sociais, a defesa do SUS ganhou destaque entre os assuntos mais comentados.