Senador do dinheiro na cueca pediu ao governo avião da FAB para transportar material suspeito de superfaturamento

Investigação da Polícia Federal revela ainda que duas assessoras de Chico Rodrigues trabalhavam na empresa do filho, Pedro Arthur, que assumirá a vaga no Senado durante a licença do pai

Chico Rodrigues e o filho e suplente, Pedro Arthur (Reprodução)
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O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), que foi flagrado com R$ 33 mil na cueca em operação da Polícia Federal contra fraudes em compras durante a pandemia, pediu, no início de abril ao ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar equipamentos de proteção individual (EPIs) vendidos ao governo de Roraima pela Haiplan Construções Comercio e Serviço LTDA, investigada por superfaturamento.

Segundo as investigações, a Haiplan, que é ligada ao senador, cobrou R$ 879.219,00 do governo por 16.434 máscaras. Cada unidade saiu por R$ 53,50 - preço 26 vezes mais caro do que o custo original.

Vice-líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, Chico Rodrigues tinha trânsito fácil no Planalto e argumentou que tratava-se "de material imprescindível na luta contra a pandemia do Covid-19 e um alento neste momento de crise" no pedido feito ao ministro. Apesar da troca de mensagens de Chico Rodrigues - que chega a dizer que "está programada a data" do transporte -, o inquérito não confirma se o transporte foi realizado, segundo reportagem no blog de Fausto Macedo, no Estadão.

Servidoras
Na mesma investigação, a PF diz ter encontrado indícios de que duas servidoras do gabinete do senador licenciado Chico Rodrigues (DEM-RR) trabalhavam na empresa do filho do parlamentar, Pedro Arthur Rodrigues, suplente que assumirá a vaga do pai no Senado.

Adriana Galvão dos Santos e Claudia Kalinne Ferreira, que estão lotadas no gabinete de Chico Rodrigues com salários de R$ 8,9 mil e R$ 6,7 mil, teria recebido os policiais federais durante diligência na empresa San Sebastian, que atua no setor de construções, terraplanagem e agropecuária.

Elas relataram aos policiais que, além das demandas políticas do senador licenciado, cuidavam também das atividades empresariais da San Sebastian. A PF ainda encontrou procurações em nome das duas assessoras do senador para atuar em nome da empresa do filho.

"Percebe-se que Adriana atua de forma explícita em atividades da empresa San Sebastian, empresa privada do filho de Chico Rodrigues, Pedro Arthur, o que evidencia um desvio de função de suas assessoras”, diz a investigação