Multinacionais de armas escalam general bolsonarista e militares influentes para lobby no governo

General e coronel atuaram como representantes da companhia Leonardo e ISDS em reuniões com o Ministério da Defesa

General Paulo Chagas ao lado de Jair Bolsonaro (Reprodução/Facebook)
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O general reformado Paulo Chagas, assim como o coronel do Exército Flávio Josmar Pelegio, foram escalados por multinacionais de armas para fazer lobby comercial no Ministério da Defesa. Ambos fizeram reuniões no ano passado e neste ano com o chefe da Secretaria de Produtos de Defesa (Seprod) representando a companhia Leonardo e ISDS (International Security & Defense Systems).

O general Paulo Chagas foi o candidato do bolsonarismo ao governo do Distrito Federal em 2018, mas não se elegeu. Ele também foi um dos alvos da Polícia Federal no inquérito das fake news aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar ataques aos ministros. Chagas foi quem representou a Leonardo em negociações com o governo.

"Tivemos uma audiência no Ministério da Defesa. O objetivo era mostrar tudo o que a Leonardo tem para oferecer. E ela tem tudo o que o Exército e a Força Aérea precisam, ou quase tudo", disse o general à Folha de S.Paulo. "O retorno foi quase que imediato. Eles viram vídeo, quase tudo o que eu mandei. Falaram: 'Olha, nos interessa, sim, conhecer tudo o que a Leonardo tem, porque tudo o que ela tem faz parte do nosso portfólio, das coisas que nós queremos'", continua.

O general afirmou também que, junto com amigos, pretende abrir uma empresa para representar a Leonardo no Brasil. Em outra ocasião no ano passado, de acordo com ele, o grupo defendeu os interesses de uma empresa israelense, fornecedora do Exército.

Já a ISDS vem atuando no Brasil com a ajuda do consultor Flávio Josmar Pelegio, coronel do Exército que passou à reserva em 2013. Em 1º de agosto do ano passado, ele esteve na secretaria da Defesa com o presidente da companhia, Leo Gleser. Na véspera da reunião, ele se reuniu no Palácio do Planalto com o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.

Eduardo Bolsonaro

O próprio filho do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), atuou como lobista da suíça Sig Sauer para montar operação em Minas Gerais. Em abril, ele postou no Twitter a foto de uma reunião com representantes da companhia, prometendo ajudá-los: "Falta a garantia política de que o lobby não atochará tantas burocracias para emperrar a instalação [de uma fábrica no país]".