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Jair Bolsonaro recuou e suspendeu a negociação acerca de um subsídio na conta de luz para templos religiosos. Ele esteve nesta quarta-feira (15) com o líder na bancada evangélica, o deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM), e com o missionário R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, tratando do assunto. Durante a reunião, o presidente falou sobre as dificuldades de colocar a iniciativa em prática, principalmente por parte da equipe econômica. Logo depois, Bolsonaro esteve no Ministério de Minas e Energia, que avaliava o assunto.
"Tem um impacto mínimo na ponta da linha, mas a política da economia é de não ter mais subsídios. Falei com eles que está suspensa qualquer negociação nesse sentido", disse o presidente.
O argumento da bancada evangélica é de que as cerimônias religiosas acontecem à noite, no horário de pico do consumo de energia e, por isso, merecem um subsídio para que não paguem bandeira vermelha.
A possibilidade foi muito criticada por eleitores do presidente nas redes sociais, a ponto de levar Bolsonaro a reclamar que estava levando "pancada" e que não havia tomado decisão sobre o assunto.
"Não tem [mais] negociação nesse sentido. Essa é uma decisão minha, é um decreto meu. Logicamente, peço pareceres da Economia e da Minas e Energia", afirmou. "Está suspensa qualquer negociação nesse sentido", acrescentou.
Mais cedo, na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente chegou a dizer que pretende colocar um ponto final na oferta de subsídio no país.
"O Brasil é o país dos subsídios e 4% do PIB vai para subsídios. A gente pretende sinalizar e queremos botar um ponto final nisso aí", declarou. "O nosso caminho é a liberdade econômica e livre mercado", completou.
O lobby das igrejas tem garantido ações no governo federal que vão contra as políticas de ajuste fiscal do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Bolsonaro se elegeu com forte apoio de grupos religiosos, especialmente da bancada evangélica, que ocupa uma parte razoável de sua agenda.
Recentemente, chegou ao Ministério da Economia um pedido sobre a possibilidade de igrejas que usam terrenos da Marinha não pagarem à União qualquer taxa pelo uso. A proposta retira receitas dos cofres públicos enquanto o governo tenta voltar a produzir superávit primário - previsto para pelo menos 2022.
Para 2020, o rombo deve ficar em R$ 124,1 bilhões.