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Novos diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, mostram que a dupla não prestava contas das palestras que ministrava Brasil afora. Reportagem assinada pelos repórteres Paula Sperb e Ricardo Balhazar, da Folha de São Paulo, e Amanda Audi, do The Intercept Brasil, mostram que o atual ministro da Justiça omitiu uma palestra remunerada proferida em setembro de 2016, período em que ainda era o juiz responsável pelas ações da Operação lava Jato.
A palestra não consta da prestação de contas de Moro ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que relatou ao jornal que Moro declarou participação em 16 eventos externos em 2016, incluindo nove palestras, três homenagens e duas audiências no Congresso.
De acordo com a Folha e o Intercept, em 22 de maio de 2017, Moro informou a Dallagnoll do interesse de um executivo do grupo de comunicação Sinos em uma palestra sua. "Ano passado dei uma palestra lá para eles, bem organizada e bem paga", escreveu o juiz. "Passa sim!", concordou Deltan, animado.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determina que juízes de todas as instâncias são obrigados a prestar informações de todas as palestras e eventos. Os juízes têm 30 dias para informar as atividades, devendo registrar data, assunto, local e entidade responsável pela organização. A resolução do CNJ, no entanto, faculta os juízes a declarar eventuais remunerações.
Moto, segundo uma fonte da organização do evento, recebeu um cachê entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. Em 2016, seu salário como juiz era de R$ 28,4 mil líquidos. A palestra em Novo Hamburgo (RS) reuniu um público pagante de 2 mil pessoas, lotando um teatro local. Questionado sobre não ter prestado contas de sua participação no evento para atender as exigências do CNJ, Moro alegou um "lapso".
[caption id="attachment_182715" align="aligncenter" width="700"] Palestra dada por Moro em Novo Hamburgo | Foto: Reprodução[/caption]