Escrito en
POLÍTICA
el
O ministro mais antigo do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada neste sábado (3), que o presidente Jair Bolsonaro “minimiza perigosamente” a importância da Constituição e que ainda “degrada a autoridade do Parlamento brasileiro” quando reedita num mesmo ano medida provisória que já havia sido foi rejeitada pelo Congresso.
"No momento em que as autoridades maiores do País, como o presidente da República, descumprem a Constituição, não obstante haja nela uma clara e expressa vedação quanto à reedição de medida provisória rejeitada expressamente pelo Congresso Nacional, isso é realmente inaceitável", adverte o jurista. "Ninguém, absolutamente ninguém, está acima da autoridade suprema da Constituição da República”, advertiu o jurista para quem quando se transgride a autoridade da Constituição, "vulnera-se a própria legitimidade do estado democrático de direito".
É do decano da Corte o voto mais incisivo no julgamento em que o Supremo manteve a demarcação de terras indígenas com a Funai, contrariando o governo Bolsonaro. Mello é visto hoje como o principal garantidor das liberdades individuais postas em xeque pelo Palácio do Planalto. Por seu voto enquadrando a homofobia como crime de racismo, passou a ser criticado por setores conservadores, que protocolaram um pedido de impeachment para tirá-lo do STF. "Pedidos de impeachment sem causa legítima não podem ter e jamais terão qualquer efeito inibitório sobre o exercício independente pelo Supremo Tribunal Federal de suas funções”, avisou.