Parlamentares avaliam como "desumano" e "revoltante" mensagens de procuradores ironizando luto de Lula

A despedida de Lula do neto Arthur Araújo Lula da Silva, que morreu aos 7 anos em março, também foi assunto entre procuradores da Lava Jato e alvo de crítica em chat composto por integrantes do MPF

Marisa e Lula (Foto: Roberto Stuckert Filho)
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No dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar um novo pedido da defesa do ex-presidente Lula, caíram como uma bomba sobre o Congresso Nacional as revelações divulgadas deste terça-feira (27) publicadas pelo UOL de que integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba ironizaram o luto do ex-presidente. “O pior e mais fiel retrato do que se tornou a Lava Jato foi revelado hoje. Um conluio político alimentado por muito ódio, desrespeito, boçalidade, falta de humanidade. Dá nojo e faz pensar sobre os procuradores: ‘que tipo de gente é essa?’, questionou o vice-líder do PCdoB, o deputado federal Márcio Jerry (MA). Erika Kokay (PT-DF) também demonstrou indignação com o conteúdo revelado. “Revoltante e Desumano! Procuradores ironizaram o sofrimento de Lula na morte de Marisa Letícia ,do irmão e do neto. De todas as mensagens da Vaza Jato a mais reveladora do caráter dos procuradores foi a de hoje no Uol. Pessoas desprovidas de sentimento e respeito pelo próximo”, comentou. Lembrando a função pública ocupada pelos envolvidos, Paulo Pimenta (PT-RS) chamou a atenção para a gravidade das denúncias. “As pessoas que fizeram piada com a dona Marisa Letícia são PROCURADORES DA REPÚBLICA! São funcionários públicos pagos com o mais alto salário e a melhor estrutura do Estado para aperfeiçoar a sociedade. Falharam feio como servidores. Falharam miseravelmente como humanidade”, disse. Entre outras revelações, os chats verificados pelo UOL, em parceria com o Intercept, apontam que na véspera da morte encefálica da ex-primeira-dama, Marisa Letícia, em fevereiro de 2017, a procuradora da República Laura Tessler, sugeriu que Lula faria uso político da perda da mulher. Comentários semelhantes, diminuindo a perda do ex-presidente, também ocorreram em 29 de janeiro de 2019, quando o irmão de Lula, Vavá, morreu em decorrência de um câncer, e, a partir de 1º março, quando foi confirmada a morte do neto Arthur, de apenas 7 anos. Marcado para esta terça, o julgamento do pedido da defesa de Lula será conduzido pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato no Supremo, e será feito pela 2ª Turma. Ele deverá avaliar a liberação do acordo firmado entre a Odebrecht e o Ministério Público Federal.