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A editora chefe do Intercept, Betsy Reed, escreveu uma nota na noite deste sábado (27) sobre as ameaças e acusações que o presidente Jair Bolsonaro realizou contra o jornalista Glenn Greenwald. Ela se diz assustada por Bolsonaro ter chamado Glenn de "malandro", acusando-o de ter casado com um brasileiro e adotado crianças no Brasil como estratégia de dificultar a sua deportação do país. "Eu, como todos aqueles que defendem a democracia, fiquei assustada", escreveu.
A editora ainda chamou atenção para outra fala de Bolsonaro, em que ele ameaça Glenn de "pegar uma cana no Brasil" por ser estrangeiro. Bolsonaro referia-se a portaria nº 666, publicada por Moro nesta sexta-feira (26), que estabelece um “rito sumário de deportação” para imigrantes considerados “perigosos”, ou que tenham praticado “ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal”.
No final da nota, Reed agradece a solidariedade dos defensores da liberdade de imprensa, "já que as instituições democráticas brasileiras enfrentam esse profundo teste sob o atual governo, comandado por um autoritário que não vê nada de errado em ameaçar um jornalista simplesmente por exercer a sua profissão".
Confira a nota na íntegra:
O Intercept condena veementemente as declarações que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez sobre o jornalista e editor cofundador do Intercept, Glenn Greenwald. Jair Bolsonaro chamou Glenn Greenwald de “malandro” por ter casado com um brasileiro e adotado crianças no Brasil, o que dificultaria a sua deportação do país. A acusação seria ridícula se não fosse perigosa: o casamento de Glenn Greenwald ocorreu há quatorze anos, antes dele e da equipe do Intercept Brasil terem começado a publicar uma série de reportagens baseadas em um arquivo de conversas secretas revelando a má conduta de certos membros da força-tarefa Lava Jato.
Bolsonaro também disse que Greenwald “talvez pegue uma cana aqui no Brasil", uma expressão coloquial que soa como uma ameaça. Glenn Greenwald e os repórteres do Intercept Brasil conduziram seu jornalismo com a máxima integridade, sempre pensando no interesse público, e por isso, gozam de total proteção da Constituição brasileira. O Intercept apoia e reafirma o direito de Glenn Greenwald, e de todos os jornalistas do Intercept Brasil, de fazer jornalismo sem qualquer intimidação oficial, muito menos deportação ou prisão.
Somos gratos pela solidariedade dos defensores da liberdade de imprensa em todo o mundo, já que as instituições democráticas brasileiras enfrentam esse profundo teste sob o atual governo, comandado por um autoritário que não vê nada de errado em ameaçar um jornalista simplesmente por exercer a sua profissão.