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Atualizado em 19/08, às 12h20
O ex-ministro e economista Walter Barelli morreu na noite desta quinta-feira (18), uma semana antes de completar 81 anos. Ele estava internado desde o início de abril no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, depois de sofrer uma queda e bater a cabeça. Deixa três filhos, Suzana, Pedro e Paulo.
A família informou, na ocasião, que ele havia caído de uma escada na quarta-feira, dia 10 de abril, ao sair do Instituto Tomie Ohtake e bateu fortemente a cabeça. Desde então, ele estava sedado na UTI do Hospital Sirio Libanês.
A filha de Barelli soltou uma nota cm informações sobre o velório do pai. Veja abaixo:
Queridos amigos, o velório do meu pai, Walter Barelli, será na Cripta da Catedral da Sé.
Começa hoje, dia 19 de julho, por volta das 15 horas e segue até às 22 horas (por motivos de segurança, a partir das 19 horas a entrada ocorre pelo fundo da catedral).
Amanhã, dia 20, o velório retorna a partir das 7:30. Às 10 horas, haverá uma missa de corpo presente e às 11 horas seguimos para o Cemitério Gethsemani Anhanguera (km 23,4 da rodovia Anhanguera), onde ele será enterrado.
Agradecemos muito às orações e toda a solidariedade.
Dieese com visibilidade e credibilidade
Walter Barelli nasceu em São Paulo em 25 de julho de 1938. Doutor em Economia, teve sua trajetória marcada pelo sindicalismo, com bandeiras como o aumento salarial e a ampliação do nível de emprego no país. Era professor universitário aposentado pela Unicamp.
Durante a ditadura militar, em 1965, Barelli assumiu o cargo de diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), e permaneceu lá por 25 anos, até 1990.
Sob seu comando, o Dieese ganhou visibilidade e credibilidade. Foi, durante muitos anos, a instituição com mais prestígio em relação às estatísticas do mercado de trabalho. Sua atuação no órgão fez com que fosse preso pelos militares em 1979, mas diante da forte mobilização de políticos e sindicalistas, foi solto rapidamente. No período da redemocratização, Barelli participou também da elaboração de projetos para a Assembleia Nacional Constituinte.
Na campanha presidencial de 1989, assessorou Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP). Mesmo sem se filiar ao partido, tornou-se muito amigo de Lula. Com a vitória de Collor, deixou o Dieese e participou do governo paralelo, articulado pelo PT para fiscalizar a gestão e apresentar propostas alternativas.
Ministro do Trabalho
Com o impeachment de Collor, se tornou ministro do Trabalho na gestão Itamar Franco. No ministério, Barelli cobrou a participação dos sindicatos na luta contra os aumentos abusivos e contra a inflação. O então ministro fez com que, pela primeira vez, o governo federal reconhecesse e combatesse a prática de trabalho infantil e escravo no país.
Barelli entrou em conflito por diversas vezes com o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso e ameaçou deixar o governo por criticar a falta de participação do Ministério do Trabalho na formulação do Plano Real.
Deputado pelo PSDB
Em 1994, filiou-se ao PSDB, deixou o governo e tentou ser vice na chapa de Mario Covas ao governo paulista. A vaga de vice, no entanto, foi para Geraldo Alckmin. As divergências com Fernando Henrique Cardoso foram superadas e Barelli participou da formulação do plano de governo da candidatura presidencial do tucano, eleito naquele ano.
Em 2005, elegeu-se deputado federal pelo PSDB. Encerrado o mandato, em 2007, afastou-se da política e dedicou-se à carreira acadêmica. Durante sua trajetória, Barelli lecionou em faculdades como PUC, FGV e Unicamp, e escreveu livros como "O futuro do emprego", "Distribuição funcional de renda nos bancos comerciais" e "As alternativas de emprego para o mercado de trabalho".
Com informações do Valor Econômico e Blog do Servidor