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Diplomata de carreira, o deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) reagiu a uma possível nomeação de seu colega Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos por seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. Nesta sexta-feira (12) ele protocolou na Câmara dos Deputados um projeto de lei para para proibir que pessoas de fora da carreira diplomática chefiem missões brasileiras no exterior.
"A aceitação desse tipo de missão é recado duro ao povo brasileiro, pois ao mesmo tempo representa nepotismo com desprestígio da carreira de diplomata", disse Calero, ex-ministro da Cultura do governo Temer que é concursado no Itamaraty. "Por mais com competente que o Eduardo Bolsonaro seja, trata-se de nepotismo”, afirmou.
Na tribuna da Câmara, além de apontar nepotismo, Calero disse que o filho do presidente não tem qualificação para o cargo.
“Para desempenhar essa função, centenas de diplomatas decidam uma vida inteira de estudo e trabalho”, destacou. “Há muito suor e dedicação para que o servidor tenha os atributos de excelência necessários à estatura da representação diplomática. E é isso particularmente importante na chefia da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.”
“A tradição de designar diplomatas de carreira para ocupar a chefia de corpos diplomáticos no exterior foi retomada nos últimos 10 anos e não pode mais uma vez ser quebrada por um capricho do presidente da República.”
O projeto foi protocolado na Câmara nesta sexta e aguarda distribuição por parte da Mesa para começar a tramitar.
Manobra na Câmara
Cotado como futuro embaixador do Brasil em Washington, o filho 03 de Jair Bolsonaro já articula com aliados para buscar uma manobra para que possa assumir o cargo na diplomacia sem, no entanto, perder o mandato de deputado federal.
No mesmo instante, a tropa de choque bolsonarista no Congresso já se mobilizava para coletar assinaturas para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do colega Capitão Augusto (PL/SP), que resguarda o mandato de deputados e senadores que assumirem os cargos de chefe de missão diplomática temporária ou permanente.
Autor da PEC, Augusto nega que a proposta esteja relacionada à indicação de Eduardo.
“Tento apresentar essa proposta desde a última legislatura . Mas outros temas eram mais prioritários e acabei não investindo. Agora, com essa indicação, vou acelerar a coleta de assinaturas. Tenho cerca de 140. E também vou pedir celeridade na votação”, disse ao jornal o Globo.