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O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, informou nesta quinta-feira (27) que a investigação e operação da Polícia Federal (PF) sobre supostas candidaturas laranjas do partido em Minas Gerais é "seletiva".
A segunda fase da operação Sufrágio Ostentação deflagrada hoje prendeu em Brasília Mateus Von Rondon, assessor especial do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Também foi preso, em Ipatinga (MG), Roberto Silva Soares, conhecido como Robertinho, que foi um dos coordenadores da campanha de Álvaro Antônio à Câmara dos Deputados em 2018.
O PSL (Partido Social Liberal), que foi alçado de nanico em 2014 para a segunda maior bancada na Câmara em 2018 graças ao bolsonarismo, se defendeu afirmando que todos partidos tiveram mulheres com resultado eleitoral abaixo do esperado.
“Todos os partidos políticos do Brasil tiveram candidatas cujo resultado nas urnas foi aquém da expectativa”, diz a nota, que continua: “Só podemos classificar essa como uma investigação seletiva, com o objetivo de atingir o partido ao qual o Presidente da República é filiado, embora ele não tenha nada a ver com isso”.
A sigla diz ainda que todas as contas de campanha do PSL foram aprovadas pelo TSE e tudo foi feito dentro da legalidade.
Segundo reportagem de Ranier Bragon e Camila Mattoso para a Folha de S.Paulo, Von Rondon é o principal elo formal entre Álvaro Antônio e o esquema de candidaturas de laranjas do PSL no estado.
Assessor especial no ministério, ele tinha, desde 2013 até o começo de 2019, uma empresa de serviços de internet e marketing. A firma funcionou basicamente para um único cliente: Álvaro Antônio, que apresentou uma série de notas fiscais de Mateus à Câmara para justificar gastos de sua cota parlamentar.
A mesma empresa aparece na prestação eleitoral de contas de quatro candidatas a deputada estadual e federal usadas como laranjas pelo PSL de Minas. As quatro mulheres suspeitas teriam sido usadas para desviar dinheiro do fundo eleitoral. Elas tiveram votações pouco expressivas, embora tenham recebido dinheiro da sigla, o que levantou a suspeita de uso de candidaturas laranjas.
Mateus virou assessor especial do ministro em 23 de janeiro de 2019, dois dias depois de ter encerrado as atividades da empresa segundo dados da Receita Federal.
Candidatas da legenda nas eleições do ano passado denunciaram à PF e ao MP (Ministério Público) o esquema, que funcionaria com o repasse dos valores às candidatas, e posteriormente devolvidos ao partido e seus dirigentes. O objetivo pode ser a apropriação indevida do dinheiro ou ainda a candidatos homens, driblando a cota determinada pela lei eleitoral.