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POLÍTICA
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O ex-deputado federal Jean Wyllys postou em sua página no Facebook uma mensagem, na qual mostra a tentativa da revista Crusoé de entrevistá-lo. A publicação pertence ao Antagonista, site de extrema direita.
Na postagem, Jean Wyllys mostra as perguntas enviadas a ele pela publicação, em uma clara tentativa de ameaçar o ex-parlamentar, indagando sobre como ele se mantém no exterior ou se tem algum tipo de relacionamento com The Intercept.
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Vejam as perguntas endereçadas a Wyllys pela Crusoé: Quantos convites para dar palestras ou entrevistas o senhor recebe por semana? Como o senhor se sustenta na Alemanha? Poderia dizer quanto ganha, mais ou menos, por palestra?
O senhor já conseguiu alguma ajuda financeira para arcar com o doutorado? Já começou o doutorado? Já foi aceito por alguma universidade? Ser considerado a “melhor antítese” de Jair Bolsonaro, como escreveu o jornal Libération, o tem ajudado a ser reconhecido e a viver na Europa?
Que relação o senhor tem com o site Intercept? Ao ceder seu posto de deputado federal para David Miranda, chegou a conversar sobre isso com Glenn Greenwald?
Resposta de Jean Wyllys via Facebook:
O “editor de internacional” (cuja identidade vou preservar por ora) de uma revista chamada Crusoé - da qual nunca tinha ouvido falar, mas que descobri ser uma revista de sustenção do bolsolavajatismo, ou seja, de extrema-direita - enviou-me o e-mail abaixo com essas perguntas.
Não é preciso ser muito inteligente para perceber os objetivos sujos da revista, principalmente a partir da última pergunta.
A Crusoé quer investir na teoria conspiratória mentirosa e nas calúnias espalhas pelo perfil Pavão, criado no Twitter - e deletado no mesmo dia - com o único propósito de espalhar calúnia e teoria conspiratória para atacar Glenn Greenwald e The Intercept e tirar a atenção da opinião pública das ilegalidades e imoralidades perpetradas por Sergio Moro e Deltan Dallagnol na Lava Jato.
O tom das perguntas da revista bolsonarista - cujo jornalista eu não conheço, mas sei que não ganhou um Pulitzer ou Oscar que me levasse a crer em sua honestidade intelectual ao ponto de lhe responder às questões - é de uma arrogância típica dos que servem de capacho ao poder.
Mas o que ele se esqueceu é de que eu não lhe devo (nem a ninguém) qualquer satisfação de minha vida privada. E que eu escolheria a qual jornal ou revista eu daria alguma satisfação da minha vida privada, caso algum dia desejasse fazê-lo.
Não sou mais servidor público. Os servidores públicos em questão são Sergio Moro, ministro da Justiça, e Deltan Dallagnol, procurador do Ministério Público Federal. São eles que devem satisfação de seus atos e de seus ganhos à nação e à imprensa.
Então, por que mesmo a Crusoé, em vez de interpelar o ministro e o procurador sobre seus atos ilegais, antiéticos e imorais na Lava Jato, denunciados por The Intercept, Reinaldo Azevedo e Folha de São Paulo, ou de perguntar quanto cada um deles embolsou até agora em palestras e conferências privadas desde que convertidos em heróis no auge do antipetismo no Brasil, está interessada em saber da minha vida aqui na Europa?
Por que a Crusoé não quer me ouvir sobre as ameaças de morte e a campanha difamatória contra mim reconhecidas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e que têm a ver com a campanha que deu a vitória ao presidente? Por que a Crusoé não quer me ouvir sobre o que tenho a dizer acerca da relação entre a minha saída do país e a execução de Marielle Franco por sicários saídos das milícias do Rio de Janeiro e que mantêm relações com o presidente e seus filhos?
A Crusoé, longe do jornalismo ético e de qualquer interesse benéfico em minha vida, quer reforçar uma teoria conspiratória mentirosa e as calúnias contra Glenn Greenwald e The Intercept para tentar impedir a erosão do ministro da Justiça Sergio Moro. Quer me usar para isso, já que sou o elo mais fraco do que ele julga uma corrente.
Não vou deixar!