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"Confusão dos brancos" é a expressão usada por Mairawê Kaiabi, liderança indígena no Xingu, para retratar as políticas públicas para saúde indígena no Brasil. Decisões da gestão do presidente Jair Bolsonaro como a saída dos cubanos do programa Mais Médicos, em novembro do ano passado, e o corte de verbas da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) agravaram a já precária assistência nos territórios indígenas.
As mortes de três bebês kaiabis no intervalo de 11 dias em abril revelam um alerta no cuidado da saúde de crianças indígenas.
Além de médicos, faltam remédios como antibióticos e anestesias, o que compromete atendimentos básicos e demanda resgates aéreos, fluviais e terrestres até as cidades. O combustível também é insuficiente para as emergências. Por conta dos cortes, funcionários da saúde com salários atrasados abandonaram seus postos - ou trabalham voluntariamente.
Os 7.500 índios das 16 etnias que vivem no Xingu ficaram sem médicos no início de novembro, quando Jair Bolsonaro, então presidente eleito, anunciou o fim da parceria que permitia a atuação de médicos cubanos no Brasil pelo programa Mais Médicos. A decisão do novo governo afetou diretamente o atendimento nas aldeias, pois dos 372 médicos que trabalhavam em terras indígenas, 301 eram cubanos, incluindo os seis do Xingu.
A pasta diz que, das 372 vagas, 354 estão ocupadas e 18 foram oferecidas no edital de maio do Mais Médicos.
O atendimento médico se agrava no momento em que o Ministério da Saúde está rediscutindo o modelo da saúde indígena. Decreto assinado pelo presidente Bolsonaro no último dia 17 extinguiu cargos da Sesai e aboliu o departamento de gestão da secretaria. A decisão abre caminho para a polêmica "municipalização da saúde indígena", que prevê transferir a gestão do serviço da União para os municípios. "A municipalização será o fim do nosso povo", diz Matari Kaiabi, coordenador do posto de saúde da aldeia Sobradinho.
Matéria do Repórter Brasil