Por quê lutei para Sergio Moro não ser agraciado com o título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Maringá

Marcos Danhoni: "Como recordar é viver, e especialmente nestas perturbadoras duas últimas semanas de junho, pós golpes de 2016 e 2018, com os vazamentos extraordinários do The Intercept, e com a erosão voraz da figura do ex-Juiz Sérgio Moro e toda sua troupe da Lava Jato, necessário lembrar que mesmo em Maringá, o Juiz-Ostentação não era uma unanimidade"

Sergio Moro (Foto: Lula Marques)
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Por Marcos Cesar Danhoni Neves Como recordar é viver, e especialmente nestas perturbadoras duas últimas semanas de junho, pós golpes de 2016 e 2018, com os vazamentos extraordinários do THE INTERCEPT, e com a erosão voraz da figura do ex-Juiz Sérgio Moro e toda sua troupe da Lava Jato, necessário lembrar que mesmo em Maringá, o Juiz-Ostentação não era uma unanimidade. E devido a isso, ele não recebeu o título que ele tanto desejava (especialmente porque acreditava que, recebendo esta honraria, sucederiam muitas e muitas outras a ponto de rivalizar com o número de títulos semelhantes dados à sua “vítima”, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva). A manifestação valeu a pena, a despeito de toda a poderosa reação contrária, pois nenhuma outra universidade no Brasil e no exterior outorgou-lhe semelhante honraria. (a menos da Universidade Notre Dame, nos EUA, antro de lacaios de think tanks do ultraliberalismo norte-americano e co-responsáveis pelos golpes de 2016 e 2018). Vamos ao Documento enviado para o então Reitor da Universidade Estadual de Maringá, Prof. Dr. Mauro Luciano Baesso, e presidente do Conselho Universitário (COU). Maringá, 08 de abril de 2016. Ao Presidente do CONSELHO UNIVERSITÁRIO Representado pelo MM. Reitor, MAURO LUCIANO BAESSO Universidade Estadual de Maringá. Considerando a matéria publicada no site do jornalista Ângelo Rigon, intitulada “Moro receberá o título doutor honoris causa da UEM”, datada de 28 de março de 2016; Considerando que desconhecemos este fato dentro da Instituição dado como “certo” pela matéria acima citada; Considerando que desconhecemos qualquer manifestação pública de Departamentos e/ou Centros da UEM autorizando tal concessão de tão nobre título; Considerando o Currículo Lattes do Sr. Sergio Moro, lotado no endereço web: http://lattes.cnpq.br/9501542333009468 ; Considerando que o currículo Lattes do Sr. Sergio Moro corresponde somente a uma página; Considerando que o Sr. Sérgio Moro é Professor Adjunto na Faculdade de Direito da UFPR; Considerando que o Sr. Sérgio Moro obteve seu Doutorado entre 2001 e 2002 (?) na UFPR e com graduação desconhecida (não discriminada em seu currículo Lattes); Considerando que a produção acadêmica do Sr. Sérgio Moro limita-se tão somente a 05 (cinco) artigos, sendo o último publicado em 2008; 04 livros, sendo o último publicado em 2010 (e nenhum em segunda edição); Considerando o parco conhecimento em língua estrangeira que apresenta o Sr. Sergio Moro como revelado por seu Currículo Lattes; Considerando que a experiência acadêmica internacional do Sr. Sergio Moro limita-se a dois cursos de instrução e visitas ligadas a agências de Estado norte-americanas; Considerando que Julian Assange e Edward Snowden do WikiLeaks encontram-se hoje exilados na Embaixada do Equador em Londres e na Russia, respectivamente, graças à perseguição das Agências de Estado norte-americanas (CIA e FBI) que perseguem dissidentes no mundo inteiro, impondo uma rede de espionagens e intrigas em todo o mundo, e instruindo comportamentos em Polícias Federais e Judiciários em todo o planeta; Considerando que o Juiz Sérgio Moro copia sua pratica acusatória, persecutória e coercitiva de métodos baseados no Direito Processual norte-americano, conforme revela-se na tradução do texto intitulado “O Uso de um criminoso como testemunha”, de Stephen S. Trott (ver no link); Considerando o papel desempenhado pelo Sr. Sergio Moro como advogado na defesa do ex-prefeito Jairo Gianotto, processado por subtração de dinheiro público da Prefeitura Municipal de Maringá; Considerando o papel desempenhado pelo Sr. Sergio Moro no caso Banestado com um delator premiado, Albert Youssef; Considerando a questão de conflito de interesses envolvendo o papel do Juiz Sergio Moro ao receber o Prêmio “Faz a Diferença” da Rede Globo de Televisão, envolvida em diferentes listas reveladas ultimamente (HSBC-Suiçalão; Panamá Papers; Zelotes, etc); Considerando a questão de conflito de interesses envolvendo o papel do Juiz Sergio Moro em recente palestra na LIDE gerenciada pelo empresário JOÃO DÓRIA, pré-candidato pelo PSDB ao governo do Estado de S. Paulo, ligado ao grupo de GERALDO ALCKMIN (PSDB-SP); Considerando os grampos telefônicos ilegais implantados em ambiente da Presidência da República conforme amplo noticiário e nas manifestações públicas do Juiz do STF, Marco Aurelio Mello, e na própria imprensa conservadora “Folha de S. Paulo”, afirmando que desde o início da assim chamada Operação LAVA-JATO grampos ilegais foram usados desde 2006; Considerando o comportamento do Juiz Sergio Moro em conduzir coercitivamente o ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para depor numa delegacia da Polícia Federal instalada no Aeroporto de Congonhas, com avião da P.F. taxiado na pista, como revelado pela ex-jornalista da Folha de S. Paulo e Rede Bandeirantes de Televisão Barbara Gancia; Considerando a iminência de sanções, no mínimo, administrativas contra o Sr. Sérgio Moro pelo comportamento abusivo em implantar grampos telefônicos não autorizados pela Justiça; Considerando o comportamento do Juiz Sergio Moro em vazar seletivamente para a imprensa dados obtidos pelo instrumento da coerção de presos (sem julgamento) em delações cheias de prêmio; Considerando que em trabalho acadêmico e divulgado, de 2004, o Sr. Sergio Moro busca recapitular o trabalho do juiz italiano Antonio di Pietro da Operação Mani Pulite (Mãos Limpas) que resultou na destruição completa da classe política italiana, na sua própria candidatura (derrotada) a postos políticos superiores na Itália, e que acabou permitindo a ascenção e a longa permanência de Berlusconi por 12 (doze) anos no poder; Considerando a manifestação expressa por Comissão dos 50 anos de celebração da criação do curso de Direito da UEM, expostas no endereço web que afirma: 1. A decisão de propor a concessão do título de doutor "honoris causa" ao juiz Sérgio Moro não partiu da comissão que organiza os eventos de comemoração; 2. Esse fato não integra os eventos de comemoração dos 50 anos do Curso de Direito; 3. A participação do Juiz Sergio Moro em um evento jurídico foi aprovada pela comissão, e o mesmo prontamente aceitou o convite. Todos os demais nomes, que prestaram serviços por longos anos para a instituição e inspiraram a maioria dos professores que atualmente lecionam na instituição, também foram aprovados pela comissão; Considerando que academicamente o Sr. Sergio Moro não apresenta nada que o distinga no campo do conhecimento clássico e contemporâneo, assim como no campo das Ideias e da Liberdade; Considerando que o título de Doutor honoris causa deva ser concedido a pessoas de indubitável caráter altruísta, de solidariedade, de promoção da educação e da cultura no Brasil e no mundo, como Paulo Freire  (agraciado com 29 títulos) por sua “pedagogia do Oprimido” no Brasil e em todo o mundo, assim como Luís Inácio Lula da Silva (agraciado com 55 títulos);, pela sua política de erradicação da fome, da miséria, e do incentivo à educação pública em todos os níveis Eu, MARCOS CESAR DANHONI NEVES, Professor Titular do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá e membro da BRIGADA HERZOG (Movimento de Mídia Livre que se espraia no Brasil e no mundo para denunciar os desmandos políticos e judiciários do Golpe que está prestes a ocorrer no Brasil depois do interregno dos anos de chumbo de 1964), venho pela presente solicitar à este Egrégio Conselho Superior, a RECUSA NA CONCESSÃO do título de Doutor honoris causa. Devemos lembrar a recente tentativa de um grupo de pessoas em tentar conceder o mesmo título ao ex-Juiz JOAQUIM BARBOSA, que hoje estampa as manchetes da lista do PANAMÁ PAPERS em recente escândalo de compra ou ganho de um apartamento em Miami (EUA). Nossa universidade não pode viver à mercê de figuras idolatradas por uma mídia interessada única e tão somente na destituição de um governo eleito democraticamente e pelo qual devemos prestar nosso respeito. Sem mais, agradeço desde já a atenção dispensada e fico no aguardo de uma manifestação. Atenciosamente. Prof. Dr. Marcos Cesar Danhoni Neves *Marcos Cesar Danhoni Neves é professor Titular da Universidade Estadual de Maringá, autor do livro “O Labirinto do Conhecimento” entre outras obras
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum