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A decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de abrir um escritório em Jerusalém não foi bem recebida pelo ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, que atuou durante oito anos no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele a medida é uma "provocação desnecessária" ao povo palestino.
"A criação do escritório comercial é, do ponto de vista econômico, descabida", disse Amorim ao blog nessa segunda. O ex-chanceler justifica que Jerusalém fica a menos de uma hora de Tel Aviv, onde fica a embaixada, e que ela já cumpre perfeitamente a função. "E, como símbolo, é uma provocação desnecessária”.
Nessa segunda o grupo militante Hamas emitiu um comunicado condenando a visita de Jair Bolsonaro à Israel, chamado pelo grupo de “ocupação israelense”. "A visita é um movimento que não apenas contradiz a atitude histórica do povo brasileiro que apoia a luta pela liberdade do povo palestino contra a ocupação, mas também viola as leis e normas internacionais.”
Após a decisão Bolsonaro de estabelecer um escritório em Jerusalém, a Autoridade Palestina (AP) convocou para consultas o seu embaixador no Brasil , Ibrahim Alzeben.
“Entraremos em contato com nosso embaixador no Brasil para chamá-lo para consultas, para tomarmos as decisões apropriadas para lidar com esta situação”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, em nota.
A medida também desagradou a deputados evangélicos que dizem apoiar Bolsonaro. O líder da bancada evangélica, Sóstenes Cavalcante (DEM/RJ) disse que lamenta “profundamente a decisão do presidente de abrir só um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém”.
Para o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil a visita de Bolsonaro ao país árabe foi feita em momento inapropriado. “Obviamente, acho a visita, com todo o simbolismo que a cercou (inclusive o escritório) lamentável, especialmente em um momento em que Israel aumenta as medidas repressivas contra os palestinos e Trump apoia a anexação das colinas de Golã", acrescentou Amorim.